Mais do que uma recompensa pelo trabalho, a remuneração deixa de ser uma responsabilidade apenas administrativa e passa a se tornar uma ação estratégica para lidar com a atração, motivação e retenção de mão de obra. Em tempos de recessão econômica, a empresa pode deixar o assunto em standby e, por causa disso, um sinal de alerta pode se acender: um funcionário desmotivado se mantém estagnado porque tem medo do desemprego, sua produção cai e ele ainda influencia os demais colegas. É uma reação em cadeia e, por isso, a instituição precisa se fortalecer taticamente para solucionar impasses como esse.
Para o nosso Diretor de Pesquisas, Marco Antonio Schanoski, estímulos corretos com recompensas alinhadas ao mercado são a chave para o equilíbrio nas relações de trabalho. “A indicação é estar antenado ao mercado com o objetivo de buscar as melhores práticas e entender como internalizá-las. Uma das escolhas que mais tem dado resultado é a remuneração por ‘atingimento’ de metas globais, coletivas e principalmente individuais”, explica.
Quer saber um pouco mais sobre remuneração estratégica?
Confira o nosso bate papo:
Remunerar, nesses tempos mais turbulentos, tem sido um desafio para as empresas. Na sua percepção, como os profissionais do setor de Remuneração devem buscar caminhos e oportunidades?
Marco: Remunerar, seja em tempos turbulentos ou não, é sempre um grande desafio para as empresas. Posso estar valorizando quem não merece e, por outro lado, deixar de remunerar adequadamente aqueles que realmente entregam os melhores resultados. Uma boa alternativa é estar sempre antenado ao mercado com o objetivo de buscar as melhores práticas. Em minha opinião, atualmente, o que mais tem dado resultado para a empresa e para os colaboradores é remunerar por “atingimento” de metas globais, coletivas e, principalmente, individuais. Um programa de metas adequado, que realmente recompense aqueles com melhores entregas, assegura o comprometimento e o engajamento.
O que considerar no momento de estabelecer esse programa de metas?
Marco: É muito comum vermos empresas com metas que estão extremamente fora da realidade, isto porque é um grande desafio estabelecer metas objetivas e que possam ser corretamente medidas, e são poucos os gestores que sabem definir aquelas que realmente estimulam os colaboradores de maneira eficiente, assegurando os bons resultados. É importante que elas sejam objetivas e reais, mas também é importante que tenham um grau de dificuldade suficiente para que os colaboradores se esforcem a alcançá-las.
Sendo assim, o que pode ser feito para garantir o sucesso de um programa de metas?
Marco: É imprescindível que a direção entenda com clareza quais são as metas e estratégias da empresa. Eles precisam saber por que e para quê elas servem. Tão importante quanto conhecê-las, é fazer com que sejam adequadamente difundidas e explicadas a todos os envolvidos. Isso pode ser feito coletivamente, em reuniões que apresentem as metas globais e dos grupos, ou individualmente, focando nos objetivos de cada um.
A remuneração estratégica deve ser pensada com muito cuidado, de maneira a não onerar a folha de pagamento e reter as pessoas importantes para as organizações. Há uma maneira prática de equilibrar a meta da empresa e a remuneração estratégica?
Marco: Considerando a carga tributária e previdenciária que incidem sobre os salários e sobre a folha de pagamento, optar por administrar salários maiores do que os praticados pelo mercado pode prejudicar a saúde financeira da empresa, principalmente em cenários econômicos como os que vivemos atualmente. O ideal seria manter o nível salarial na folha de pagamento alinhado aos pontos centrais de mercado (medianas) e implantar um programa de participação nos lucros e resultados agressivos, para recompensar, efetivamente, aqueles com melhor desempenho. Os programas de Bônus ou PLR, desde que devidamente homologados no sindicato e Ministério do Trabalho (MT), amenizam os impactos dos encargos trabalhistas, tanto para empresa como para os funcionários, propiciando maior distribuição para aqueles que entregam mais. Importante salientar que, quando o assunto é engajar, além de recompensar através de critérios financeiros, é preciso dar feedback, reconhecer e propiciar reais oportunidades de crescimento.
Carreira Muller | Construindo Sentidos