Não é novidade que as políticas de Remuneração precisam envolver muitas áreas. Ainda que o desenvolvimento da estratégia saia do RH, é preciso pensar nos stakeholders do processo, ou seja, as partes interessadas.
Em empresas maiores, essa tarefa de mapear todos os stakeholders não é simples, mas existe uma técnica para isso, que vai te ajudar a identificar os perfis que precisam se envolver no projeto e, depois disso, relacionar as áreas-chave.
Por que os stakeholders são importantes, quando falamos em Remuneração?
Toda vez em que se fala em salário, dentro das companhias, todos os olhos se voltam ao RH. São muitas expectativas e situações, por vezes, delicadas: tem gente esperando aumento, pessoas com medo de demissão. Isso, sem falar nos Gestores que querem respostas, nas áreas que precisam de uma estratégia para contratar mais mão de obra… A lista poderia ser infinita!
Percebe que o RH não pode ser o único ponto de apoio de um projeto assim? Isso enfraquece o projeto, por mais completo e eficiente que ele seja. É preciso que mais pessoas estejam envolvidas, agregando informações financeiras, técnicas, culturais, cobrindo “todas as pontas”.
Usando agora um termo da moda, serão também “influencers” da ideia, mesmo aqueles que não estão envolvidos diretamente no processo.
Vamos entender mais adiante.
O mapa dos stakeholders
Antes de falarmos do papel de cada stakeholder, queremos colocar algumas reflexões importantes, que vão ajudar na próxima etapa.
- Como lidar com pessoas importantes que não são consideradas stakeholders?
Não há uma regra fixa para definir os stakeholders de um projeto, afinal, todo mundo tem algum interesse, certo? Mas, pode ser, que no momento em que fizer o desenho na sua empresa, uma ou outra área fique de fora do mapa. Mesmo assim, é importantíssimo identificar estas áreas e manter esse grupo minimamente envolvido, já que são pessoas que podem criar empecilhos para o projeto. - Quais stakeholders controlam os recursos para o projeto?
Mantenha este grupo sempre bem informado e envolvido, para que eles não barrem as etapas do projeto. Eles precisam perceber o valor (e não somente o preço) das ações. Importante considerar que o investimento em projetos longos, como um Plano de Cargos e Salários, pode variar ao longo do desenvolvimento. Por isso, envolva esses stakeholders nos cronogramas de entrega e nas atualizações de projeto, sempre que possível! - Pense nas motivações e nos interesses de seus stakeholders
Isso vai determinar a força e o impacto de cada um deles no projeto. Identifique aqueles que têm:
– Interesse financeiro no projeto;
– Interesses emocionais nele;
– Mais resistência ao projeto;
– Mais facilidade em aceitar mudanças.
Entendendo quem é quem no mapa
CONSTRUTORES
Quem faz o “projeto acontecer”, tira do papel, desenvolve e faz a gestão do projeto. Podem ser:
- Equipe de Remuneração (RH da empresa);
- Consultoria terceirizada (se for o caso de ter uma, pois às vezes o projeto é todo internalizado).
O que fazer para envolvê-los?
Apresentar a visão da marca e o que motiva o projeto, pedir ajuda para mapear problemas que o plano vai resolver.
Comportamento esperado:
“Este tema é relevante, eu tenho conhecimento para contribuir, por isso eu ajudo/me envolvo”
MULTIPLICADORES
Grupos envolvidos direta ou indiretamente, mas que podem ser aliados na disseminação da mensagem.
- Diretoria;
- Gestores;
- Colaboradores;
- Business Partners.
O que fazer para envolvê-los?
Apresentar o programa e os impactos desejados (claro, dentro de cada contexto), trabalhar na sensibilização (aqui, pode entrar o plano de comunicação. Este texto pode te ajudar), convidá-los para fazer parte de algum processo.
Comportamento esperado:
“Esta causa é importante, as pessoas precisam saber disso!”
BENEFICIADOS
Pessoas/áreas beneficiadas direta ou indiretamente que podem (e devem) estar engajadas para disseminar a ideia entre os pares.
- Colaboradores
Ainda que colaboradores possam ser também multiplicadores, eles também são os beneficiados que têm abertura para disseminar a ideia entre os pares, são eles que possuem influência, no contexto deles, para tornar o projeto amigável
O que fazer para envolvê-los?
Explicar, dar informações, sensibilizar. Eleger os mais influentes no grupo para atuarem como “advogados da causa” – pessoas com informação e influência.
Comportamento esperado:
“Este tema é importante para mim e para meus colegas, quero saber como farei parte disso!”
AGENTES DE MUDANÇA
Grupo que torna o projeto real. São aqueles que farão a ideia acontecer na prática. As pessoas, principalmente os beneficiados, estarão de olho nesse grupo. Ele será o ponto de apoio, quem os colaboradores, por exemplo, sempre buscarão para tirar dúvidas.
- Gestores/Líderes;
- RH.
O que fazer para envolvê-los?
A informação é o combustível principal. Este grupo precisa estar bem preparado para receber as dúvidas e questionamentos. Além das informações técnicas, passe também o propósito por trás do projeto, porque eles serão porta-vozes.
Atenção: se este grupo tiver pessoas que pouco acreditam nas novas ações de Remuneração, é preciso batalhar por uma mudança de comportamento. Por serem ponto de apoio, este grupo influencia pelo exemplo!
Comportamento esperado:
“Eu acredito nisso e, por isso, farei acontecer na prática! Vou mudar minha maneira de agir e pensar sobre o tema.”
DECISORES
Quem pode criar, aprovar e executar políticas e projetos. São pessoas ou áreas que não estarão, necessariamente, envolvidas no desenvolvimento do plano, mas que precisam aprová-lo.
Indo um pouco além, é preciso envolver esse perfil de stakeholders, porque projetos paralelos podem surgir, com a aprovação deles, e se não estão conectados com as ações do plano de Remuneração, podem gerar conflito de interesse ou atrasar o cronograma.
- Presidentes;
- Diretores;
- A matriz da empresa (quando aplicado ao caso).
O que fazer para envolvê-los?
Explicar por que a empresa desenvolveu o projeto, apresentar o programa e os impactos, fazer consultas.
Comportamento esperado:
“Este tema é importante, porque impacta muitas pessoas e merece entrar na pauta. Farei o possível para dar seguimento no projeto e aprovar ações concomitantes, que ajudem no processo.”
AVALIZADORES
Grupo que assegura, endossa e garante, do ponto de vista técnico, a atuação da empresa no projeto. Envolver este grupo traz legitimidade e credibilidade.
- Órgãos de pesquisa (Fundações e Institutos);
- Consultorias;
- Ativistas/defensores de causa (podem ser até do Sindicato);
- ONGs;
- Sindicatos.
O que fazer para envolvê-los?
Explicar por que a empresa desenvolveu o projeto, apresentar o programa e os impactos, fazer consultas.
Comportamento esperado:
“A empresa está abraçando, investindo uma causa importante e de forma correta, para gerar transformação. Então, eu forneço dados, ajudo, aprovo.”
INFLUENCIADORES
Um pouco diferente dos Multiplicadores e dos Agente de Mudança, estas pessoas estão fora do processo e podem atuar junto à sociedade.
- Imprensa;
- Ativistas/celebridades;
- Pessoas públicas.
Ao olhar para este grupo, é importante considerar pessoas como CEOs, Presidentes, Fundadores que tenham visibilidade pública, que possam disseminar a ideia de um projeto como esse, de forma a impactar na visibilidade da empresa – pensando em marca empregadora, por exemplo.
O que fazer para envolvê-los?
Pense no papel de um(a) embaixador(a), que precisa ter conhecimento, informação, e estar sensibilizado.
Comportamento esperado:
“Esta causa/este projeto também é meu, vai de encontro com o que eu acredito. Por isso, vou ajudar e promover a ideia.”
E aí, o conteúdo te ajudou a refletir sobre a importância dos stakeholders no processo de criação de um programa de Remuneração? Conta pra gente, nos comentários! Ah, e se tiver algo para completar essa lista e as dicas que demos aqui, fique à vontade também!
Fernanda Futada
Comunicação e Marketing