O que faz um profissional ser bom em qualquer área em que ele atue? O que garante que ele vai exercer sua função com excelência e buscar trazer melhorias para a empresa em que atua? Para nós, o caminho para fazer disso realidade é atribuindo ou construindo sentido no que fazemos. Assim, mais do que projetos, o engenheiro civil construirá lares. Mais do que limpar o escritório, o auxiliar de serviços gerais trará bem estar às pessoas. E mais do que gerenciar salários e cargos dos seus colaboradores, o profissional de RH estará cuidando de pessoas.
Sabemos que não é algo simples de se concretizar para o RH, ainda mais em um cenário de tantas transformações e incertezas no âmbito econômico. É tempo de mudança para todos, em todas as áreas. É preciso se reinventar e assumir o papel estratégico dentro das corporações para ajudá-las a encontrar o equilíbrio sustentável. Acreditamos que este é um momento de oportunidades e o futuro é promissor para o profissional de RH. Ele é o personagem que pode e deve ser protagonista e incorporar um perfil estratégico, estando atento às movimentações do mercado e oferecendo alternativas para que os negócios evoluam e para que o capital humano, principal ativo de qualquer organização, esteja engajado para acompanhar essa evolução – e para contribuir com o sucesso das operações. Para isso, é preciso buscar capacitação, aprimorar seus conhecimentos, enfim, continuar se desenvolvendo como pessoa e profissional.
Nesta data em que comemoramos o Dia do Profissional de RH, convidamos alguns clientes que são exemplos de pessoas que encontraram na área uma grande realização e paixão, e encaram essas transformações e novas exigências sobre o perfil do RH como desafios que tornarão todos os profissionais ainda mais aptos a assumir a posição que lhes cabe: de líder!
Confira o bate papo que tivemos com Cynthia Abrahão Pedroso, Gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da DPaschoal, e Marta Oliveira, Gerente de Recursos Humanos da Marilan Alimentos S/A.
Carreira Muller: A formação de vocês é diferente, mas hoje ambas atuam como gestoras no departamento do RH. Como começaram a trabalhar na área?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): Sou formada em Direito e não estava em meus planos trabalhar na área de Desenvolvimento Humano e Organizacional. Desempenhei o papel no Jurídico Trabalhista por quase 10 anos, sendo 4 para o Grupo DPaschoal, e naquela época me considerava uma boa profissional da área. Contudo, ao retornar de licença maternidade, a empresa me convidou para assumir uma Gerência Administrativa de RH que estava sendo criada para dar foco na parte de Gestão de folha de pagamento, Saúde, Segurança e Relações Trabalhistas. Permaneci nesta função por pouco mais de 2 anos, sempre com muita sinergia com a Área de Desenvolvimento. Há quase dois anos fui convidada pelo Presidente para assumir toda a Área de Desenvolvimento, papel no qual ainda me considero uma aprendiz!
Marta Oliveira (Marilan): Sou administradora de empresas e iniciei no setor de Administração de Pessoal por acaso, onde atuei por 5 anos. No início não planejava, porém me identifiquei muito com a área e a partir daí tive oportunidade de atuar em todos os subsistemas de RH – e me apaixonei!
Carreira Muller: Para você, quais os principais desafios que o profissional de RH enfrenta no seu dia a dia?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): O principal desafio da área de recursos humanos é trazer valor ao Negócio, identificando o papel certo para cada pessoa (desenho), a remuneração certa e o desenvolvimento correto para que as pessoas consigam agregar valor para que a empresa atinja maiores resultados e cumpra seu papel social de gerar lucro.
Marta Oliveira (Marilan): Vejo que são vários: gerir um ambiente de mudança constante, em que o que era uma verdade ontem, hoje não é mais, conciliar a nossa atuação estratégica, consultiva e de transformação com as demandas transacionais, além de gerir a atração e retenção de pessoas na organização, dentre outros.
Carreira Muller: E suas maiores vantagens?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): Somos uma empresa que possui uma forte cultura de Gestão de Pessoas, onde, de fato, cada líder é responsável pelo desenvolvimento de sua equipe. Participar da disseminação desta cultura, ter a visibilidade do negócio da empresa como um todo e transitar em todas as áreas com o objetivo de partilhar de decisões que fazem diferença para o crescimento da empresa é um privilégio para um Gestor de DHO.
Marta Oliveira (Marilan): A visibilidade que a área de RH possui dentro das organizações, com acesso em todas as áreas e níveis, proporcionando condições do profissional conhecer as particularidades do negócio.
Carreira Muller: Qual a importância do RH ser estratégico atualmente? Quais são os principais empecilhos para isso acontecer?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): A importância é vital para a empresa, sem este olhar não há como contribuir ao crescimento do negócio ou ao entendimento dos desafios certos para busca (interna ou externa) das pessoas mais preparadas para cada um deles. Se o RH tiver um olhar apenas para sua própria dinâmica, sem interagir com todas as áreas da empresa, não conseguirá identificar quais as reais necessidades da organização, ou ainda, caso ele queira ocupar o papel do gestor no desenvolvimento e engajamento da equipe ficará frustrado e não trará resultados satisfatórios. Percebo que não existe profissional errado, tudo é uma questão de adequação, e cabe ao RH entender quais as necessidades da empresa e qual o profissional mais adequado para atendê-las. Isso para mim é a tradução do RH estratégico.
Marta Oliveira (Marilan): Com uma atuação estratégica, o RH definirá todo o seu planejamento de gestão de pessoas alinhado às necessidades do negócio, buscando garantir a competitividade e sustentabilidade nas questões ligadas às pessoas. Um dos empecilhos para que isso aconteça é que a área de RH ainda é muito demandada por aspectos transacionais e precisa aprimorar a sua atuação estratégica.
Carreira Muller: Para a evolução do RH, qual a importância da aquisição de conhecimento, seja em cursos, workshops, palestras?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): Estamos na era do conhecimento e inegavelmente sempre é um ganho adquiri-lo, o objetivo é desenvolver as pessoas para desenvolver a organização, e é justamente por esta razão que nossa área hoje se chama Desenvolvimento Humano e Organizacional. Contudo, neste tema, percebo dois equívocos constantes, primeiro cometido por aqueles que utilizavam os treinamentos com a finalidade motivacional, é muito efêmero pensar no treinamento como uma ferramenta para melhoria de motivação. Segundo por aqueles que entendem que é obrigação da empresa proporcionar o desenvolvimento. Cada um, independente do papel que exerça, deve estar comprometido em seu próprio desenvolvimento, e cabe à empresa identificar essas pessoas e contribuir para sua formação, despertando novos interesses e contribuindo com a aquisição do conhecimento.
Marta Oliveira (Marilan): A velocidade com que os temas precisam ser tratados e a busca por soluções “fora da caixa” demandam uma postura inovadora por parte da área de RH, e faz toda a diferença a participação em fóruns que propiciem reflexões e conhecimento de novas perspectivas.
Carreira Muller: Como você imagina a profissão nos próximos anos?
Cynthia Pedroso (DPaschoal): Muito se ouve hoje em dia sobre o “RH parceiro do Negócio”, mas, na minha opinião, há uma confusão quanto ao significado desta frase. Enquanto o RH tentar substituir o GESTOR e persuadi-lo a fazer a gestão de sua equipe, estará falhando na sua função primordial. É papel do RH e continuará sendo ao longo dos anos, apoiar o gestor para que ele mesmo possa descobrir os benefícios em desenvolver sua equipe, entendendo o ganho de potencial que uma empresa experimenta quando age desta maneira.
Marta Oliveira (Marilan): Vejo que o profissional de RH deverá desenvolver um olhar cada vez mais abrangente, acompanhando as mudanças do mercado e vendo como adaptar o plano interno a essas mudanças.
Carreira Muller | Construindo Sentidos