A economia muda, e com ela, as referências salariais também podem mudar. Então como adaptar as tabelas sem desmotivar colaboradores ou gerar ruídos na comunicação? Reduzir uma faixa salarial pode até parecer simples no papel, mas, na prática, exige estratégia e transparência.
Para entender melhor esse cenário, convidamos Vanessa Ferraz, Coordenadora de Remuneração da Carreira Muller, para falar de algumas boas práticas na gestão salarial: como agir diante da retração de mercado e como orientar gestores e colaboradores durante esse processo.
O que fazer se a referência salarial do cargo sofrer retração, diminuir?
Imagine que a remuneração média de um cargo no mercado caiu de R$ 2.000 para R$ 1.800. O que fazer?
Segundo Vanessa, a recomendação mais comum é ajustar a faixa salarial correspondente dentro da tabela. Isso pode envolver a realocação do cargo para um grade inferior, como do 20 para o 19 ou 18, por exemplo.
Mas aí vem o grande desafio: como comunicar isso internamente para gestores e colaboradores sem gerar insegurança?
Vanessa sugere que a informação fique com o RH até que a área tenha total controle do processo antes de divulgar qualquer mudança. “O RH precisa entender os números, saber qual a recomendação do próximo passo e como a redução será aplicada. Só depois disso é possível compartilhar estrategicamente com o grupo de colaboradores que preferir, seja do nível estratégico, administrativo ou operacional”, explica.
E como preparar os gestores para comunicar essa mudança?
Bom, a comunicação é o fator-chave nesse processo. Se a empresa não possui um Plano de Cargos e Salários bem estruturado e divulgado internamente, a adaptação pode se tornar um grande desafio.
Por isso, Vanessa recomenda que, inicialmente, apenas os gestores tenham acesso às novas faixas salariais. Eles primeiro precisam entender como o mercado evoluiu, quais são as novas referências e como proceder quando há essa retração de mercado, com ajustes das faixas salariais de cargos. Dessa forma, podem aprovar promoções, aumentos e novas contratações sem gerar ruídos.
“O RH deve plantar essa ‘sementinha’ de informação aos poucos, sempre com estratégia e transparência. Afinal, os colaboradores valorizam saber onde estão na faixa salarial e o que podem conquistar dentro da empresa. O RH pode pensar em como irá trabalhar essa questão com o time, talvez investindo em cursos de remuneração ou até em um plano de comunicação para os colaboradores”, reforça a especialista em tabelas salariais.
Retração de referência salarial não significa redução de salário!
Esse é um ponto importante, e que muitas vezes gera dúvidas! A redução da referência salarial afeta cargos e novas contratações, mas NÃO os salários dos colaboradores atuais.
“A lei não permite a redução salarial de quem já está na empresa. Os funcionários continuam crescendo por mérito, promoções ou acordos coletivos. O que estamos falando aqui é sobre ajuste na referência do cargo, para manter a empresa competitiva com o mercado”, esclarece Vanessa.
Dessa forma, o RH precisa não apenas ajustar as tabelas, mas também criar um plano de ação para os colaboradores que estão acima da faixa – seja através de promoções, desenvolvimento profissional ou outras estratégias que garantam uma progressão justa dentro da empresa.
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