Nas organizações estamos constantemente gerenciando conflitos, sejam aqueles criados pela crise, sejam os resultantes do encontro de gerações entre seus colaboradores, e outros tantos. E, para gerenciá-los, é preciso um RH focado no negócio da empresa, mas também com capacidade de cuidar de pessoas, um profissional que seja o elo para que todos juntos possam chegar ao resultado comum – um desafio interessante!
A conclusão é de Rosane Giffoni Monti, Gerente Recursos Humanos da PST Electronics, detentora da marca Pósitron. Na empresa há 12 anos, ela está à frente de uma equipe de 27 pessoas que cuidam dos mais de 950 colaboradores das duas plantas da companhia.
Neste Dia do Psicólogo, Rosane, que é formada na área, foi nossa convidada para um bate papo para falarmos sobre os desafios da profissão nos dias atuais e para responder uma dúvida de muita gente: o RH precisa ser bonzinho ou justo?
Confira a entrevista a seguir
Por que você decidiu trabalhar com RH?
Sempre tive um interesse muito diversificado pela profissão. Me especializei em Psicologia Clínica; depois de um tempo de formada participei de um programa trainee e, naturalmente, a carreira foi migrando para a Psicologia Organizacional.
Essa experiência em psicologia clínica contribuiu para a sua atuação hoje?
Muito! A formação em psicologia é generalista, ou seja, só escolhemos a nossa área de atuação depois que conhecemos melhor o mercado e as atribuições de cada setor, além de realizarmos estágio e atividades práticas em cada um dos segmentos. Assim, acredito ter sido importante essa experimentação para que eu pudesse me permitir escolher a área em que estou hoje.
Qual você acha que é a característica do psicólogo que mais agrega dentro do seu dia a dia profissional?
Acredito que a psicologia busca compreender o homem como um todo. Trazer isso para a função do RH acrescenta muito, pois é assim que devemos ver o colaborador, na complexidade que ele tem. Nas relações humanas, sejam elas pessoais ou profissionais, convivemos com pessoas muito diferentes entre si. Entender os processos mentais e emocionais que interferem diretamente na construção destas relações pode ajudar a vencer o desafio de evitar, minimizar ou resolver os conflitos tão comuns no relacionamento humano.
Quais os principais desafios que você enfrenta como profissional da área?
Nosso trabalho consiste em uma quebra de paradigmas constante. Hoje estamos passando por uma revolução do mercado de trabalho e as pessoas precisam começar a refletir sobre a situação – o que ocorre no mercado de trabalho impacta diretamente as relações dentro da empresa. As empresas estão constantemente gerenciando conflitos, sejam aqueles criados pela crise, sejam os resultantes do encontro de gerações entre seus colaboradores. É preciso acompanhar essa movimentação, saber quais os objetivos da organização, como faremos para atingí-los e que atitudes, comportamentos e competências devem guiar o nosso dia a dia. Assim, acredito que o principal desafio é alinhar a cultura organizacional – e mantê-la alinhada.
Brian Walker, executivo internacional de Recursos Humanos, aponta que os profissionais de RH precisam de empatia e não gentileza em seu dia a dia. Devem entender e levar em consideração como as pessoas se sentem, e assim realizar o trabalho, às vezes duro, que a nossa empresa precisa. Em resumo, ele diz que o RH precisa ser justo e não legal. Qual a sua percepção sobre esse conceito?
Muitas vezes nos deparamos com um estigma (e nenhum estigma é positivo) de que o RH é “bonzinho”. Acredito que não se trata de ser bom ou mal. Trata-se de lidar com o outro respeitosamente sempre! Gentileza é sempre bom e, na minha opinião, imprescindível nas relações, mas não será o suficiente para a atuação profissional em RH.
O RH faz parte do negócio da empresa, e seus profissionais devem trabalhar para ajudar a viabilizar os objetivos desse negócio. Devemos nos organizar para conhecer e orientar a liderança no desafio de conseguir resultados por meio de pessoas, gerando um ambiente saudável e de realização. Podemos e devemos ser gentis quando tratamos de assuntos difíceis, que necessitam de objetividade e firmeza. Todo profissional deve ter clareza sobre o que esperam dele. Esse é o papel do líder, e o RH, com todas as suas ferramentas, deve atuar direta e objetivamente na formação e apoio deste líder.
Trazendo isso para a realidade da remuneração, sabemos que ela precisa ser justa e proporcional ao cargo, e não necessariamente agradar o profissional, o que pode causar desconforto e tensão. O psicólogo consegue conduzir esse processo com uma postura diferenciada por conta da sua formação?
Supostamente sim, porque você tem uma formação que te impulsiona a exercer a empatia e a objetividade. Só que não é algo que necessariamente vai acontecer, porque depende também do tipo de personalidade desse profissional e do contexto da organização.
Na verdade, a questão vai além. A empresa precisa entender o motivo de se ter uma área de remuneração, e o profissional que atua ali deve ter o conhecimento técnico e a habilidade para refletir, no plano de remuneração, as condições do mercado e da organização.
Qual o segredo para uma remuneração atraente?
Remuneração é importante, mas não o mais. Os profissionais buscam uma gama de características que algumas empresas podem oferecer e outras não – e entender o que motiva as pessoas e o que posso oferecer é a chave para contribuição do RH. Assim, um pacote de remuneração deve ser atrativo e justo, honesto no delineamento de expectativas: a empresa paga o quanto pode pagar, se isso for mantido e constantemente revisitado, o profissional se manterá motivado.
Um de nossos estudos mostrou que a preparação das lideranças não faz parte das estratégias prioritárias das empresas. Na sua percepção, quais os riscos disso?
O resultado será que a performance da organização não atingirá a excelência. Digo isso porque não basta saber o que há para fazer, mas como deverá ser feito, e esse processo deve ser conduzido. Quem é o líder em sua essência? É aquele que consegue resultados por meio de outras pessoas, deve estar preparado para lidar com a diversidade; é o responsável por relacionar as competências e os resultados dos liderados, minimizando eventuais desvios que possam acontecer e que possam refletir no resultado do negócio. Já imaginou o estrago que o líder não preparado faz na imagem de uma marca?!
Para qualquer negócio dar certo é preciso que a empresa saiba aonde quer chegar, que o líder esteja alinhado com este objetivo e saiba o que realmente importa, o que agrega valor para o negócio, e que esteja cercado de pessoas que tenham essas mesmas crenças e objetivos – e aí o próximo passo é organizar uma estrutura de carreiras para que essas pessoas se sintam motivadas e queiram dar sempre o seu melhor pela companhia.
Quais são suas maiores alegrias atuando como RH?
Saber que contribuo para o desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. Viver e proporcionar essas experiências é a grande alegria de trabalhar como RH.
Por que escolheram a Carreira Muller como fornecedora?
Conheço bem a empresa e sua credibilidade. Mas, na minha opinião, a principal entrega da Carreira Muller é a parceria. É isso que eu mais “amo” em vocês, que estão sempre próximos, juntos.
Carreira Muller | Construindo Sentidos
Respostas de 3
Parabens Pelo seu Artigo muito bom Gostei
Ola, sou estudante do curso de Psicologia e tenho um trabalho a fazer referente a atuação dos psicólogos no contexto organizacional. Nesse trabalho preciso de algumas respostas a questões sobre a área de atuação, a população atendida, formação profissional e o mercado de trabalho. Gostaria de saber se a Dra poderia me responder umas perguntas por email
Oi Thaina!
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