A liderança dentro das empresas sempre foi fundamental para garantir a eficiência e a qualidade dos processos operacionais. No entanto, estamos observando um novo fenômeno: a diminuição do número de líderes ocupando cargos operacionais. Por que isso está acontecendo? E quais são as implicações para o setor?
No 88º episódio do ConsultAqui, a Coordenadora de Remuneração da Carreira Muller Camila Minamide nos ajuda a explorar esses pontos e entender melhor as tendências e desafios atuais. Mas, antes de tudo, é importante esclarecer: de qual tipo de líder estamos falando?
Qual é o tipo de líder que está faltando nas empresas?
Observando a imagem acima, estamos nos referindo aos líderes que se encaixam no nível 4ª/supervisor, que são pares dos técnicos. A principal condição para a existência dessa liderança é mão de obra intensiva e/ou turnos de trabalho de equipes de executantes e ou qualificados.
Como exemplos, podemos citar:
- Líder de produção;
- Líder de operações logísticas;
- Líder de manutenção.
Esses profissionais são responsáveis por coordenar equipes de um turno de trabalho ou processo, direcionando os trabalhos, acompanhando a execução dos mesmos e fornecendo todo suporte técnico para que os trabalhos sejam desenvolvidos conforme planejamento. Além disso, também atuam como multiplicadores de conhecimento, podendo realizar o treinamento dos novos operadores.
Em resumo, sua rotina inclui planejar o trabalho, atribuir tarefas, motivar, ensinar/orientar, acompanhar e avaliar o trabalho da equipe.
É esse líder que está “diminuindo” no mercado. E, vamos combinar: uma posição extremamente relevante para as empresas. Por que isso está acontecendo?
5 motivos para a diminuição de líderes no setor Operacional
- Autonomia das equipes
Essa é uma das principais razões para a diminuição dos líderes operacionais. Muitas empresas estão investindo na capacitação dos seus próprios colaboradores, para que possam trabalhar de maneira independente. Níveis como Operador III e Mecânico III, por exemplo, estão orientando e acompanhando tecnicamente o desenvolvimento dos trabalhos. E quando essas pessoas mais experientes assumem papéis de liderança técnica, a necessidade de supervisores diretos diminui. É uma evolução que visa criar um ambiente de trabalho mais dinâmico e autossuficiente.
- Automação e tecnologia
Há muitas tarefas operacionais sendo automatizadas, o que acaba reduzindo a necessidade de líderes operacionais para supervisionar a execução desses trabalhos. “Tenho visitado muitos processos produtivos em que o abastecimento das linhas é feito por robôs de transporte. Certamente essa automação impactou na redução da demanda pela posição de líder desse processo de alimentação da linha”, conta Camila.
- Estruturas organizacionais mais planas
Muitas empresas estão adotando estruturas organizacionais mais horizontais, com menos níveis hierárquicos. São as chamadas estruturas planas ou flats. Isso implica a eliminação de algumas camadas de liderança intermediária, focando em lideranças mais estratégicas e menos operacionais. Com menos níveis de gestão, a responsabilidade pelo desempenho das atividades e resultados é então compartilhada entre a equipe: reduz-se a necessidade de um líder específico para cada grupo de trabalho.
- Evolução dos modelos de negócios
O modelo de negócios também está evoluindo, exigindo novas qualificações dos líderes operacionais. Skills em inovação, tecnologia, análise de dados, sustentabilidade, diversidade e inclusão estão se tornando essenciais. O líder tradicional, que era o melhor mecânico ou operador, está dando lugar a esse novo perfil de liderança que valoriza competências tecnológicas somadas a abordagens colaborativas. Com isso, as skills mais operacionais acabam ficando para os níveis III (Operador III, Mecânico III, etc.).
- Abordagens colaborativas na gestão
A gestão colaborativa está ganhando força nas empresas modernas. Ao invés de centralizar a responsabilidade em um único líder, as empresas estão promovendo a colaboração e a descentralização. Essa abordagem permite que as equipes compartilhem a responsabilidade pelo desempenho e pelos resultados, diminuindo a necessidade de supervisores específicos. É uma mudança que traz benefícios em relação ao engajamento e motivação dos colaboradores, bem como no desenvolvimento de talentos.
Então há uma tendência de “escassez” de líderes no setor Operacional?
Sim, é isso que monitoramos no mercado, mas vale um aviso: o cenário pode variar dependendo do segmento de mercado, nível de tecnologia empregada no processo produtivo, entre outros fatores contextuais.
A dica que fica é para as empresas acompanharem essas tendências e se adaptarem às novas exigências do mercado. E, nesse sentido, um time de consultores como o da Carreira Muller pode contribuir — e muito! Se você precisa de ajuda para conhecer sua estrutura e, assim, tomar decisões com segurança, fale conosco!