Um problema muito comum entre a maioria dos brasileiros é a falta de conhecimento para gerir suas finanças. Nossas escolas não olham para a educação financeira e muitos adultos não sabem como manter as contas controladas no dia a dia. Ou, pior, não dão importância para isso! E você, tem o hábito de priorizar a gestão do seu dinheiro para ter uma boa saúde financeira?
Então me responda: você desconhece qual é seu ganho mensal? Utiliza, com frequência, o rotativo do cartão de crédito ou o cheque especial? E o “Dia do Pagode”? Você fica esperando o dia do pagamento para ir ao mercado?
Se você respondeu sim a pelo menos uma das perguntas acima, é hora de pensar em como cuidar melhor do seu dinheiro. Não é prudente não conseguir guardar parte dos seus rendimentos para momentos de emergências, como por exemplo a crise que estamos enfrentando hoje em função da pandemia da Covid-19. Tirar 10 dias de férias maravilhosos e depois sofrer por 3 meses para pagar a fatura do cartão de crédito é um “pesadelo” que você poderia evitar.
Um estudo realizado no Reino Unido pelo “The Employer’s Guide to Financial Wellbeing 2018-19”, revela que as preocupações com dinheiro ou dívidas reduzem em até 15% a produtividade no ambiente de trabalho. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), identificou que dois em cada três (65,6%) inadimplentes se sentem deprimidos, tristes e desanimados por estarem devendo, e que 15,9% das pessoas que têm contas em atraso, afirmaram ter ficado desatentas e pouco produtivas no trabalho ou nos estudos.
Educação Financeira é possível para todos! Independente do quanto se ganha, é possível, sim, ter controle sobre suas finanças pessoais. O primeiro passo é, além de saber o quanto de fato você ganha, ter uma visão clara sobre o que está fazendo com o seu dinheiro.
Conheço uma diarista que tem uma enorme determinação em poupar parte do valor que recebe de suas faxinas. Percebi que ela tinha um completo controle sobre seu din din quando ela me mostrou seu carro zero, pago à vista, com suas economias. Veja bem: naquela época ela tinha uma filha em idade escolar e, junto com seu marido, tinha as despesas com a casa, alimentação, entre outros, como qualquer um de nós. Depois da compra do carro, continuou poupando e o que veio em seguida foi uma ajuda financeira à filha para o pagamento da faculdade. Ela não passava necessidade. Vivia bem com o dinheiro que recebia e ainda conseguia poupar para realizar seus sonhos. Isso exige autocontrole, foco e renúncias, mas quando você consegue conquistar seu objetivo, vale muito a pena.
Educação financeira é urgente! E deveria ser mais trabalhada nas escolas (desde o ensino fundamental), nas empresas e nos lares.
Precisamos cada vez mais incentivar nossas crianças (e nós mesmos) a gostar de matemática, saber o valor dos produtos que compramos no supermercado, e plantar a sementinha da economia doméstica, que, se constantemente cultivada, dará ótimos e polpudos frutos.
Infelizmente, nossa educação básica é falha. Entrevistamos um professor para falar sobre isso e como isso afeta o RH, veja aqui.
Essa preocupação vale, também, para empreendedores, pois muitos (especialmente os micros e pequenos) acabam esquecendo, ou talvez nem conheçam, de um dos princípios básicos da contabilidade, o Princípio da Entidade, que diz que o patrimônio da empresa não pode ser confundido com o dos sócios. Ou seja, considerar que os ganhos da empresa são os ganhos da pessoa física é um erro e que deve ser evitado, inclusive com contas correntes distintas.
Mas e aí, o que isso tem a ver com gestão de pessoas?
Tem tudo a ver!
Primeiro, como “Pessoas”, ao termos controle das nossas finanças e uma certa reserva, obtemos tranquilidade mental e segurança para avaliar as possibilidades para tomadas de decisão em momentos de mudanças. Por exemplo, se estiver insatisfeito com seu trabalho atual, você não será “obrigado” a permanecer nele pela necessidade de pagar as contas do mês, isso será uma escolha sua. Outro ponto é que irá proporcionar mais segurança para você e sua família ao saber que em casos de emergências, será possível focar nos cuidados para o tratamento.
Em segundo, como “Gestores”, se alguém de seu time está com problemas financeiros, dificilmente terá o mesmo nível de concentração, engajamento e criatividade, podendo, inclusive, estar mais suscetível a acidentes no trajeto para o trabalho por desatenção. O nível de nervosismo aumenta e pode prejudicar o relacionamento com os colegas de trabalho, cometer erros que geralmente não ocorreria, o que pode levar a falsa percepção de que ele não é um bom profissional e optar pela decisão mais “fácil” em devolvê-lo para o mercado de trabalho.
Algumas empresas já perceberam o impacto desta questão sobre seus funcionários e têm buscado algumas formas de apoiá-los com mentorias, palestras, entre outros programas de educação financeira.
Para ambos, Gestores e Pessoas, a falta de controle das finanças também pode levar a percepção de que o salário é baixo, de que não está sendo valorizado e aumentar o nível de insatisfação no trabalho.
Para entender qual é o posicionamento da remuneração dos seus profissionais frente ao mercado, as empresas contam com o apoio de consultorias especializadas para adoção da melhor estratégia de remuneração. E se a política de remuneração estiver alinhada com o mercado, a percepção de “salário baixo” talvez seja falsa e o que pode estar ocorrendo é uma falta de controle das finanças, com gastos maiores do que as receitas, o que levará a necessidade de reavaliação dos custos mensais e sua readequação.
Como mensagem final, desejo que possa refletir o tema de educação financeira com sua família e que guardar dinheiro, independente de quanto, seja um hábito recorrente. Afinal, é muito melhor curtir a viagem dos sonhos e lembrar dos ótimos momentos que teve, do que lembrar que o que vem depois da viagem é a conta do cartão de crédito!
Para complementar o tema, assista ao episódio “As pessoas ganham pouco ou administram mal o dinheiro que recebem?”, do Quinto Dia Útil, clicando aqui.
Rogério Alves
Consultor de Remuneração Estratégica
Respostas de 2
Parabéns Carreira por abordar o tema e enfatizar a importância deste tema desde pequenos. Ontem mesmo minha filha de 14 anos falava de temas Extra que a escola poderia oferecer que fossem importantes para o futuro. E para minha surpresa ela comentou sobre educação financeira. E hoje os RH acabam tendo mais essa responsabilidade e preocupação, em adição a outras tantas que já temos no dia a dia. Espero mesmo que a preocupação desse tema seja crescente a cada dia.
Olá Alejandra, obrigado pelo seu comentário.
É realmente um desafio constante para nós pais e gestores formar pessoas e profissionais cada vez melhores, e esse tema é de suma importância a ambos.
Fico contente em saber que a “sementinha do bem” foi plantada 😉!