Toda empresa precisa de uma estrutura bem definida para funcionar bem, mas definir os níveis hierárquicos de forma eficaz é uma tarefa que exige mais do que apenas criar cargos: é necessário um olhar atento às demandas específicas de cada área e aos caminhos de crescimento dos profissionais.
Modelos como Carreira em Y e W são alternativas que permitem trilhas mais especializadas, mas será que funcionam para todas as organizações? Neste artigo, conversamos com Daniela Brancaglion, Coordenadora de Remuneração da Carreira Muller, para entender como as empresas podem definir seus níveis hierárquicos e explorar caminhos de carreira.
O que são níveis hierárquicos?
A hierarquia não é apenas um conceito organizacional. Como exemplifica Daniela, ela está presente até mesmo em nossas casas: “em casa, eu sou a mãe, tenho meus filhos e sou eu que mando. Mas com o meu marido, a relação é diferente. Assim como na família, nas empresas é necessário definir quem faz o quê e onde cada papel se encaixa.”
No mundo corporativo, a hierarquia organiza funções, responsabilidades e lideranças. É ela quem garante eficiência e clareza. A definição precisa ser bem estruturada para que as diferentes funções – gestão, técnica e projetos – convivam de forma harmônica.
Como estruturar níveis hierárquicos e escolher os cargos corretos para cada nível?
Abaixo, apresentamos um quadro que embasa os projetos da Carreira Muller quando estamos nos referindo a níveis.
Essa matriz organiza 13 níveis hierárquicos possíveis. Nela, os cargos são separados entre gestão, carreira técnica e projetos. Por trás dessa organização, temos os modelos de carreira em Y e W, que orientam o crescimento profissional.
Imaginemos uma equipe de manutenção em uma indústria. Nessa área, é comum haver cargos operacionais, como mecânicos e técnicos de manutenção, e cargos de gestão, como supervisores ou coordenadores. “Se eu tenho técnicos de manutenção, o líder dessa equipe não pode estar no mesmo nível que eles. Faz mais sentido ter um supervisor ou coordenador num nível acima, para garantir a hierarquia necessária”, explica Daniela.
Nesse caso, os técnicos estariam no nível 4, enquanto o supervisor poderia ocupar o nível 5. Essa separação garante que as funções de liderança sejam bem distribuídas, evitando sobreposição entre cargos.
E como funcionam as carreiras em Y e W?
Os modelos Y e W são caminhos para proporcionar crescimento sem forçar todos os colaboradores a migrarem para a gestão. Isso é especialmente útil em empresas de tecnologia, indústrias e áreas de saúde.
Carreira em Y: foco na especialização
A carreira em Y é ideal para profissionais que desejam se especializar sem precisar assumir cargos de gestão. Pense em um engenheiro em uma empresa automotiva. Ele pode seguir na carreira técnica até se tornar um especialista em motores elétricos, ocupando um cargo no nível 6b ou superior. Assim, ele continua agregando valor ao negócio sem se envolver com as responsabilidades administrativas de um gerente.
A partir do nível 6B, entramos no ramo da especialização. “Por exemplo, engenheiros e advogados precisam de certificações específicas, e o mercado reconhece isso com níveis hierárquicos distintos”, explica Daniela. Outro exemplo está na área da saúde: um enfermeiro pode escolher se especializar em terapia intensiva e ocupar uma posição técnica avançada sem necessidade de assumir a coordenação da enfermaria.
Carreira em W: colaboração entre áreas
Já a carreira em W é voltada para projetos multidisciplinares, reunindo pessoas de diversas áreas em uma liderança colaborativa. Essas lideranças técnicas coordenam equipes de diferentes conhecimentos, e isso forma a base da carreira em W.
Imagine o desenvolvimento de um novo software em uma startup: um product manager lidera uma equipe formada por desenvolvedores, designers e analistas de marketing. Cada membro contribui com seu conhecimento específico para o projeto, mas sem precisar assumir cargos tradicionais de gestão.
A carreira em W é ideal para projetos temporários ou inovadores, pois envolve especialistas de diferentes áreas trabalhando juntos, sem que precisem deixar suas funções originais.
Níveis hierárquicos universais? Nem sempre
Embora a matriz acima seja uma referência, não faz sentido aplicá-la exatamente da mesma forma em todas as empresas. O tipo de negócio, a complexidade das operações e o tamanho da organização são fatores que influenciam a hierarquia.
“Não adianta criar cargos apenas porque ‘fica bonito no organograma’. A estrutura precisa refletir as necessidades reais da empresa”, ressalta Daniela.
Por isso, a definição de níveis deve ser adaptada à realidade da organização. O importante é garantir que cada cargo atenda à complexidade e à responsabilidade exigidas.
Então, como implementar a estrutura hierárquica ideal?
Definir níveis hierárquicos vai além de títulos e organogramas. É uma estratégia essencial para garantir a eficiência e o crescimento da organização. Modelos como a Carreira em Y e W permitem que cada colaborador encontre o seu espaço e desenvolva seu potencial, seja por meio da gestão, da especialização ou de projetos colaborativos.
Para implementar a estrutura ideal, é importante seguir o seguinte passo a passo:
- Analise a complexidade das funções: entenda as responsabilidades de cada cargo.
- Escolha entre carreira em Y ou W: avalie se é mais adequado focar em especialização ou colaboração.
- Ajuste a estrutura com flexibilidade: lembre-se de que nem toda empresa precisa de todos os níveis da matriz.
- Comunique claramente os caminhos de crescimento: garanta que os colaboradores compreendam as oportunidades disponíveis.
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