Por conta da pandemia, muitas empresas têm nos procurado com dúvidas sobre o oferecimento de ajuda de custo aos colaboradores em Home Office. O tema é muito interessante, porque é uma questão recorrente e traz insights importantes para as empresas.
Dados de mercado para ajuda de custo
Em fevereiro de 2020, publicamos o estudo de Home Office e identificamos que cerca de 8% das empresas ofereciam algum tipo de ajuda de custo com internet, telefonia e energia elétrica aos profissionais que trabalhavam de casa.
Apenas quatro meses depois, no estudo de Crise e Retomada, observamos um grande salto nessa porcentagem: 22% das empresas revisaram suas políticas e passaram a incluir este tipo de ajuda de custo em seu pacote de benefícios.
Ainda é uma minoria, mas mostra uma importante tendência, considerando o intervalo de tempo entre as análises.
Valores oferecidos
Nos casos em que há ajuda de custo mensal, identificamos empresas que oferecem valores entre R$100 e R$300. Sendo que os valores mais elevados são pagos, usualmente, em casos em que a mudança de contrato é definitiva.
Além disso, ainda há empresas que também contribuem com um valor fixo para montagem de um escritório na casa do colaborador. Neste caso, o valor fica em torno de R$1.000.
RH estratégico e ágil
Antes de avançarmos, quero chamar a atenção para a porcentagem de 8% das empresas que já incluíam o subsídio das atividades desempenhadas fora da estrutura da empresa.
São atitudes como essas, implantadas quando ainda não existia a pressão de uma pandemia, que apontam para um RH realmente estratégico. É importante estar atento às tendências de mercado, questões como employer branding (marca empregadora) e engajamento. Quando a situação apertou, essas companhias, com certeza, já saíram na frente, bem mais estruturadas e com mais fôlego para debater outras questões que surgem numa crise.
Se destacaram também, as empresas que, rapidamente, adequaram seu pacote de benefícios, demonstrando capacidade de percepção e adaptação.
Não tenho condições de custear os gastos com Home Office, e agora?
É claro que nem todas as empresas têm condições financeiras de arcar com gastos deste tipo, mas isto não impede que iniciativas mais aderentes à realidade sejam tomadas.
Nem tudo precisa envolver uma ajuda em dinheiro! Muitas empresas têm cedido aos colaboradores em Home Office parte da estrutura física que tinham nos prédios, como cadeiras, monitores e equipamentos de ergonomia (suporte para notebooks, apoio para pés).
Não há certo ou errado. É tudo uma questão de avaliação, empatia e disposição.
Isso só vale para o Home Office durante a pandemia de COVID-19?
Muitos dos ensinamentos que este período nos trouxe vão ficar para sempre, e isso inclui questões ligadas ao uso dos espaços físicos e ao trabalho remoto.
A experiência que tivemos abriu espaço para discutir as novas formas de contrato, de remuneração e de oferecimento dos benefícios. A pandemia vai passar, mas o Home Office ainda será uma opção viável.
O aprendizado e, principalmente, o exercício da capacidade de percepção e adaptação, que observamos nas empresas que tomaram iniciativas rápidas, precisam nos acompanhar também nos desafios que ainda estão por vir.
João Resch
Gerente de Pesquisa