Sempre frisamos a importância de um plano de carreira e salários bem definidos e como isso pode ser estratégico para que uma empresa se diferencie no mercado de trabalho. Hoje a questão que abordaremos é como definir um plano de remuneração para Pessoas com Deficiência (PcDs), termo correto a ser usado, já que não só o mercado de trabalho mas o mundo vêm buscando alternativas mais inclusivas, e essa acaba sendo uma dúvida que muitos profissionais da área de Recursos Humanos enfrentam no dia a dia.
De acordo com a ONU, ter alguma deficiência aumenta o custo de vida em cerca de um terço da renda, em média, e por consequência, 50% dessas pessoas não conseguem pagar por serviços de saúde. Em um estudo realizado em 2003 pela Universidade de Rutgers, nos EUA, um terço das empresas entrevistadas dizia acreditar que pessoas com deficiência não poderiam efetivamente realizar as tarefas do trabalho exigido; além disso, o segundo motivo mais comum para sua não contratação era o medo do custo de instalações especiais. Esses dados nos ajudam a entender que ainda há muito o que se fazer para melhorar a relação das PcDs com as empresas. E que a remuneração é tão fundamental quanto a inclusão.
No dia 3 desse mês, foi o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e para mostrar a importância de um plano adequado de remuneração direcionado a esse público, conversamos com José Netto, do departamento de Recursos Humanos da Usina Ester, que conta como é a política de contratação de PcDs da usina, que hoje tem cerca de 950 colaboradores, dos quais 40 são PcDs.
Como acontecem as contratações de PcDs na usina?
Netto: Não existe um programa específico para contratação de funcionário PcDs, pois, atualmente, em todas as vagas que são abertas na Usina Ester sempre avaliamos a possibilidade de contratar um candidato PcDs para elas.
Há alguma diferença no programa de remuneração para esses dois públicos?
Netto: Aqui na Usina Ester entendemos que não deve haver diferença, ou seja, não há um plano específico de remuneração para PcDs. As diferenças de remuneração devem existir apenas para posições e/ou cargos diferentes, mas principalmente pela diferença de performance de cada funcionário, e todos eles seguem a estrutura de Cargos & Salários da Usina Ester.
A Usina desenvolveu uma parceria com o Senai para capacitação de PcDs. Como ela funciona?
Netto: A parceria com o Senai Paulínia foi desenvolvida para a formação de Aprendizes PcDs no curso de Caldeireiro, que tem duração de 2 anos. Desenvolvemos este programa visando formar novos profissionais para desenvolver carreira em nossa usina, bem como para minimizar a dificuldade de encontrarmos mão de obra PcD capacitada no mercado.
Qual a importância de ter em sua equipe pessoas com deficiência?
Netto: Felizmente hoje as diferenças nem são mais percebidas e a diversidade contribui ainda mais para o sucesso da equipe. Na minha opinião, ainda há resistência à contratação desses profissionais por conta de falta de capacitação e escolaridade. Porém, isso não deve ser um impeditivo para as empresas, pois com criatividade e vontade é possível encontrar pessoas dispostas a se desenvolver e evoluir em uma carreira profissional. Do lado da empresa é importante ter uma política clara, desenvolver uma cultura organizacional e pensar diferente, reconhecendo que a diversidade é fundamental para o sucesso de um negócio, e que pode ser a base para superar qualquer dificuldade.
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