O conceito de estruturas sem hierarquia está cada vez mais popular nas empresas. Principalmente porque esse modelo de negócio pode trazer flexibilidade, redução de custos e outras vantagens. Mas, será que funciona em qualquer empresa? Quais são as limitações? E como impacta, na prática, a rotina dos colaboradores?
São essas perguntas que iremos responder neste conteúdo. Conversamos com Daniela Brancaglion, Coordenadora de Remuneração da Carreira Muller, que compartilha insights sobre as também chamadas estruturas autônomas – e traz os principais desafios para implementá-las!
O que são estruturas não hierarquizadas?
Antes de entender como essa estrutura pode beneficiar uma empresa, primeiro é preciso compreender o conceito de uma estrutura sem hierarquia.
“Basicamente, estruturas não hierarquizadas são aquelas em que há uma redução significativa de alguns níveis de gestão, como supervisores e coordenadores. Há menos chefes, mas não são eliminadas totalmente as lideranças. O que se tem é uma organização mais enxuta. Os colaboradores têm mais liberdade e responsabilidade sobre suas funções. Isso exige, é claro, um perfil de profissional preparado para essa autonomia”, explica Daniela.
O modelo de estrutura sem hierarquia reduz “intermediários” e coloca as pessoas em um ambiente de maior responsabilidade individual e coletiva. No entanto, uma estrutura assim também requer uma cultura corporativa forte para apoiar o desenvolvimento contínuo dos colaboradores.
Este modelo funciona para qualquer empresa?
Por não existir uma hierarquização rígida nesse modelo, há mais flexibilidade nas posições — e isso traz agilidade e inovação, o que é uma vantagem! Mas, não funciona para toda empresa: vai depender do seu contexto, cultura e tipo de atividade.
Esse tipo de estrutura cabe bem em negócios mais flexíveis e dinâmicos, em que a adaptabilidade é marca registrada. É o caso de startups e do setor de tecnologia. Já indústrias com operações mais estabelecidas e repetitivas geralmente precisam de uma gestão mais estruturada para manter a eficiência.
“Áreas com processos produtivos e rotinas bem definidas podem encontrar dificuldades com esse modelo. A sobreposição de tarefas ou a falta de clareza nas responsabilidades pode se tornar um problema, então é importante ter um público interno preparado e uma cultura que apoie essa estrutura”, explica Daniela.
DICA: para quem quer experimentar esse modelo, uma boa prática é começar por uma área da empresa, ao invés de uma implementação em massa. É uma medida que primeiro vai ajudar a entender o que funciona e se o público interno está preparado.
E o que muda, na prática, para os colaboradores?
Bom, uma estrutura autônoma permite aos colaboradores explorarem diferentes áreas, ampliarem seus conhecimentos e desenvolverem habilidades mais diversificadas. Não oferece tantos cargos formais de liderança, e sim possibilita um crescimento mais voltado para a expertise técnica e multifuncional.
Mas, segundo Daniela, essa transição de uma gestão hierárquica para uma liderança técnica exige preparação e uma mudança na mentalidade dos colaboradores. “Com menos ênfase na progressão vertical, eles têm que encontrar uma perspectiva maior de aprendizado e movimentação horizontal”, diz.
Agora, se a empresa já tem isso bem estruturado, pode inclusive adaptar seu processo de recrutamento para buscar pessoas que se identifiquem com uma rotina mais autônoma e que já possuam algumas competências ideais para esse tipo de estrutura. São elas:
- Tomada de decisão;
- Proatividade;
- Capacidade de trabalhar sem supervisão direta, entre outras.
“Para alguns, essa autonomia pode ser mais valiosa do que uma promoção tradicional, pois o profissional tem a oportunidade de explorar novos horizontes e crescer de uma forma que uma estrutura hierarquizada dificilmente permitiria”, pontua a Coordenadora de Remuneração.
Quando é a hora certa de implementar uma estrutura sem hierarquia?
Se você está pensando em adotar uma estrutura não hierarquizada, é essencial avaliar se a sua empresa está pronta. Comece com perguntas como:
- Minha empresa possui uma cultura de adaptação e autonomia?
- Meus colaboradores têm o perfil necessário para lidar com uma rotina mais flexível?
- Como a empresa apoia o desenvolvimento e aprendizado constante?
Esses fatores são fundamentais para o sucesso da implementação. “A mudança começa com uma disseminação cultural diferenciada, para depois você pensar em estruturação”, aconselha Daniela.
Quer saber mais sobre o tema? Assista ao 107º episódio do ConsultAqui e aprofunde-se no universo das estruturas autônomas. Se precisar de ajuda para implementar esse modelo ou entender como ele pode funcionar na sua empresa, entre em contato conosco!