Algumas áreas específicas de negócio, como é o caso das empresas com profissionais de engenharia, têm debatido a adaptação das nomenclaturas dos níveis de cargos para colaboradores ainda em início de carreira.
Esse movimento não significa a extinção de níveis, mas é fato que há uma preocupação emergente diante do retorno dos investimentos feitos nos níveis inaugurais, como os estagiários e os engenheiros em nível Jr.
Como remunerar profissionais que estão ainda no começo de carreira, sabendo que a entrega deles não atinge plenamente às expectativas da empresa em relação ao nível do cargo?
Para nos ajudar a compreender esse cenário, o Gerente de Consultoria da Carreira Muller, Rafael Silva, traz alguns pontos importantes.
“Uma alternativa para situações como essas é entender melhor o que se espera da função e, quando necessário, adaptar a nomenclatura do cargo para atender seu contexto. Muitos falam em ‘extinção’ no nível Jr, mas, nós não acreditamos que esse deve ser o foco da discussão. O ajuste do nome atribuído à função é muito mais eficiente, inclusive, quando falamos em estratégias de progressão de carreira, como em um plano de cargos e salários, por exemplo”, explica Rafael.
Outro ponto que merece destaque inclui o alinhamento com o mercado. Adaptar nomenclaturas oferece condições para o funcionário amadurecer profissionalmente, sem descolar a empresa da realidade salarial praticada.
Segundo Rafael, a opção por contratar engenheiros recém-formados como trainees, analistas e técnicos é uma tendência encontrada no mercado. Assim, a empresa se protege de possíveis riscos trabalhistas por adotar uma nomenclatura regulamentada e não entendida como necessária para um nível Jr, por exemplo. E ainda tem a oportunidade de capacitar esse profissional até que ele possa assumir plenamente todas as responsabilidades esperadas para assumir esse cargo regulamentado dentro da trilha de carreira da empresa.
Claro que, somado a isso, ainda há a possibilidade de perder o colaborador no meio do processo. “Diante de contratempos assim, o melhor é gerir, de forma transparente e organizada, a trilha da equipe. Deste modo, o profissional conhece as perspectivas para sua carreira e compreende a estratégia da companhia”, complementa.
“Adaptar terminologias não é ilegal, desde que o valor do salário seja legítimo e a atuação alinhada à expectativa da função. O piso para profissões regulamentadas está muito vinculado aos direitos, acima de qualquer nomenclatura. Aliás, quando falamos em salários, essa regra vale para muitos outros cases que possam surgir, independentemente da profissão envolvida. Por isso, é importante olhar com atenção para a estratégia de remuneração adotada. Quanto mais clara, melhor”, finaliza Rafael.