O mercado corporativo vem passando por uma série de transformações nos últimos anos. Com isso, as soft skills ganharam espaço, são cada vez mais procuradas por recrutadores e gestores de empresas, se tornaram focos de atenção nas contratações.
Mas o que significa soft skills? Como identificá-las em candidatos e colaboradores? Esse é um novo tipo de tendência ou essas habilidades realmente vieram para ficar?
Quem nos ajuda a responder essas questões é o João Resch, Gerente de Remuneração da Carreira Muller, que começa explicando o que são soft e hard skills.
Qual a diferença entre soft e hard skills?
Hard skills são as habilidades técnicas específicas que precisamos para executar alguma atividade. São facilmente identificáveis e quantificáveis em um currículo profissional. Em um processo seletivo, as hard skills costumam estar nos requisitos da vaga: são as certificações, os conhecimentos, as habilitações e/ou treinamentos exigidos para o cargo.
Um desenvolvedor de sistemas, por exemplo, precisa saber programar em determinada linguagem; alguns trabalhos exigem habilidades financeiras; outros requerem conhecimento em operar uma máquina – e assim por diante.
Listamos aqui alguns tipos de hard skills que costumam ser exigidas no ambiente corporativo:
- Certificação em idiomas;
- Níveis fundamental, médio, superior, mestrado, doutorado;
- Cursos de especialização e pós-graduação;
- Conhecimento em softwares de edição;
- Conhecimento em linguagem de programação;
- Conhecimento de automação em marketing;
- Habilitação para operar veículos, máquinas e ferramentas;
- Entre muitos outros.
Já as soft skills são mais subjetivas: é o conjunto de habilidades comportamentais, que envolvem expertise pessoal, emocional e social.
Aqui estão algumas soft skills:
- Facilidade em se adaptar às mudanças;
- Trabalho em equipe;
- Inteligência emocional;
- Habilidade de comunicação;
- Flexibilidade;
- Liderança;
- Autoconhecimento e autogestão;
- Assertividade;
- Resolução de problemas;
- Entre outras.
Uma grande diferença entre as hard e as soft skills está na comprovação das habilidades.
Se você precisa de um profissional que saiba operar uma empilhadeira, pode exigir um certificado do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para preencher a vaga, por exemplo.
Agora, se precisa de alguém bom em liderança, vai ser bem mais difícil identificar e avaliar essa característica. Mas não impossível! (sobre isso, falaremos mais adiante).
Por que as soft skills estão sendo tão procuradas pelas empresas?
É como o João Resch diz:
“Para trabalhos complexos, é preciso saber trabalhar em equipe. E, para trabalhar em equipe, não basta apenas saber exercer sua atividade.”
Cada vez mais vivemos em um mundo dinâmico, que exige rapidez e flexibilidade. As pessoas precisam saber conviver bem em grupo e se comunicar para que todos estejam alinhados em um mesmo projeto.
A comunicação é, inclusive, um dos principais desafios para as empresas – e também a competência mais desejada por elas. O retorno ao trabalho presencial nesse período pós-pandemia inclusive tem TUDO a ver com isso.
As organizações estão voltando para os escritórios não por causa da técnica (quem faz planilhas no escritório, também faz em casa), mas porque estão com dificuldade em comunicação e engajamento, que são soft skills.
> Para saber mais sobre a volta ao trabalho presencial e os desafios pós-pandemia, clique aqui.
Em resumo: as pessoas e as empresas precisam de soft skills porque o ser humano convive em sociedade.
A “disputa” entre soft e hard skills no mercado corporativo
Hoje em dia, no mercado corporativo, as soft skills parecem estar em vantagem na disputa com as hard skills. E fica fácil entender o porquê: é muito mais complexo treinar um profissional em liderança, flexibilidade e comunicação, por exemplo, que nas competências técnicas que são a base do negócio da empresa.
Imagine um escritório de contabilidade.
Provavelmente ele já tem toda uma estrutura de treinamento técnico para ensinar seus processos aos colaboradores que chegam à empresa. Agora, como ensinar e avaliar flexibilidade?
Claro que há mecanismos para isso – e muitas empresas fazem dinâmicas e testes nesse sentido. Mas a verdade é que o mercado está mudando muito rápido e, com isso, muitas vezes deixando as hard skills em segundo plano. Vamos dar outros exemplos:
Como identificar as soft skills em candidatos de um processo seletivo?
Se é muito mais efetivo avaliar hard skills por meio de certificações e testes, por que os processos seletivos contam com entrevistas e conversas nas quais os candidatos contam o que gostam de fazer fora do horário de trabalho? Justamente porque os recrutadores e gestores querem conhecer melhor as pessoas.
Além das entrevistas, há empresas executando testes que parecem técnicos, mas na verdade são voltados para avaliar habilidades específicas como adaptabilidade e flexibilidade.
Há relatos de uma empresa de tecnologia que pediu para os candidatos desenvolverem em uma linguagem totalmente desconhecida. A ideia era avaliar quem iria se adaptar melhor, aprender uma nova tecnologia e entregar algo em poucos dias. Com isso, a organização não estava medindo apenas a hard skill de desenvolvimento, mas também algumas soft skills.
E como avaliar as soft skills na minha equipe?
Candidato é uma coisa, colaborador no dia a dia da empresa é outra.
Para identificar as soft skills no seu time, João recomenda que seja feito um processo de avaliação de desempenho formal – e com feedback. O melhor modelo, nesse caso, possivelmente é o 360°, no qual os colegas contribuem com a avaliação.
Assim, o gestor tem a visão direta dele e a percepção dos seus pares com relação ao colaborador. Afinal, não é incomum que um colaborador tenha um comportamento com o gestor e outro com seus colegas.
A avaliação 360° traz então um overview das habilidades do colaborador, cria a oportunidade do gestor ter conversas com o time e possibilita identificar as soft skills da sua equipe.
Soft skills: olhe sempre para isso
Identificar soft skills em candidatos e colaboradores nem sempre é tarefa fácil, mas é muito importante para que as lideranças consigam gerir melhor seus times e saber lidar melhor com resolução de problemas. Além disso, é sempre válido lembrar que as soft skills mudam com o tempo, podem ser aprendidas e desenvolvidas.
Quer ouvir um pouco mais sobre o assunto? Assista ao episódio 41 do ConsultAqui. Também deixamos o convite para você assistir ao Quinto Dia Útil com a Távira Magalhães. Diretora de Recursos Humanos da Sólides, ela falou sobre a importância de olhar para soft skills e quais mecanismos as empresas têm para isso. Acesse aqui!
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