Para te ajudar a conceber o conceito de Salário Flexível, imagine que você está em um momento da sua vida no qual possa assumir mais riscos: mora com os pais e tem poucas despesas, por exemplo. Ao invés de optar por um salário fixo, você escolhe investir em um potencial de ganho da empresa na qual trabalha e receber um plano de ações. Daqui a uns anos, quando não for tão jovem, possuir família e despesas para pagar – ou seja, tiver mais responsabilidades –, você muda esse cenário: opta por um salário fixo maior, sem assumir muitos riscos.
Parece loucura, até mesmo um sonho distante, mas escolher o quanto você ganha é possível. Ao menos essa já é uma realidade para os colaboradores da Shopify, empresa canadense que desenvolve softwares para lojas online e pontos de venda. Esse foi um dos cases apresentados na Total Rewards’23, o maior evento de Remuneração do mundo.
Felipe Cruz, Coordenador de Remuneração da Carreira Muller, esteve em San Diego, nos Estados Unidos, e trouxe para o Brasil um dos assuntos do momento do universo da Remuneração: o salário flexível. Saiba mais sobre o case da Shopify e descubra se essa pode ser uma opção para sua empresa.
O case da Shopify no maior evento de Remuneração do mundo
A Shopify olhou para os diferentes momentos de vida que as pessoas vivem e desenvolveu um método em que os profissionais poderiam escolher como gostariam de ser pagos. Na Total Rewards’23, representantes da empresa (inclusive brasileiros), mostraram o estudo de salário flexível proposto pela organização aos seus funcionários.
No modelo, as pessoas poderiam escolher o quanto de fixo e o quanto de variável e ações elas estariam aptas a receber. Para Felipe, essa é uma decisão “genial, porque a empresa consegue atender, ao mesmo tempo, todo o seu público – e conforme o momento de vida de cada um”. Um aspecto interessante é que essa decisão também não precisa acontecer uma única vez: pode ser moldada quatro vezes ao ano.
E isso faz total sentido quando olhamos para as flutuações das despesas ao longo de um ano. Se no primeiro e no último trimestre as despesas são mais altas, com matrícula escolar, IPVA e festas de final de ano, o profissional pode optar por um fixo maior; nos demais trimestres, pode assumir mais riscos e escolher o pagamento com ações da empresa.
Escolher como você quer ser pago é algo totalmente disruptivo e que, obviamente, chama a atenção de todo mundo. E aí, ficam as perguntas: como que a empresa administra isso? E, principalmente, será que é possível aplicar o salário flexível na minha empresa?
O salário flexível é para sua empresa?
Administrar a remuneração de todos os funcionários da empresa, considerando flexibilidade e customização, é um grande desafio para o RH. Primeiro, é necessário mão de obra qualificada para absorver esse tipo de tratativa. Depois, a empresa precisa ser bastante dinâmica nos pagamentos, o que exige investimento em tecnologia.
Estamos falando em contar com um sistema que esteja interligado a outras áreas e consiga refletir, em tempo real, a escolha de cada colaborador.
É um cenário complexo, não podemos negar. Mas as empresas não podem se prender aos desafios sem olhar para os ganhos que essa mudança traz. Sempre reforçamos que a organização que paga mais nem sempre é a mais atrativa: é aquela que melhor comunica como sua estratégia e sua política são voltadas para o colaborador.
Essa pode ser inclusive a solução para resolver uma dor dentro da sua companhia – assim como foi com a Shopify. O modelo nasceu para trazer clareza aos profissionais do quanto ganham (em salário, benefícios, bônus, etc.) e do porquê.
Com o salário flexível, a empresa consegue conscientizar o colaborador do seu total compensation. Ele passa a ter mais visibilidade do montante ao qual é elegível e de como pode customizar sua remuneração.
Quais são as vantagens do salário flexível?
Para os colaboradores, a maior vantagem do salário flexível é a liberdade de escolher como quer ser remunerado. Todo sistema de remuneração que foca na autonomia do colaborador, fortalece a confiança e convoca o colaborador para o centro das discussões traz engajamento e senso de pertencimento.
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Essas também são vantagens para as empresas. A remuneração flexível é um grande atrativo para novos colaboradores, mas também é uma forma de estimular quem já faz parte da organização.
Além disso, quando há flexibilidade, a própria empresa também pode direcionar o comportamento do profissional para aquilo que faz mais sentido para ela. Por exemplo: aplicar bônus para quem escolher ILP ao invés de salário.
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Do ponto de vista da empresa, há esse diferencial competitivo e também a possibilidade de concorrer com organizações que têm maior orçamento. Afinal, enquanto as concorrentes pagam mais, você tem o diferencial mais inteligente e mais disruptivo de dar liberdade para o colaborador escolher como ele quer ser remunerado.
O que a Carreira Muller recomenda? E o que é possível no Brasil?
Vamos pensar que o colaborador que está há 5 anos na empresa não tem os mesmos anseios e necessidades de quando entrou para a organização e muito provavelmente não terá os mesmos daqui a 5 anos. Então o salário flexível é mais um modelo que vem para tratar cada profissional em suas particularidades.
No entanto, sabemos que reinventar a Remuneração no Brasil é bastante complexo, considerando a cultura das organizações, a sociedade e a legislação trabalhista. Todo modelo disruptivo sempre vai provocar muitos questionamentos – e colocar os prós e os contras de uma decisão na balança é fundamental. Como ficaria, por exemplo, a questão da isonomia salarial?
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Ainda assim, acreditamos que o salário flexível é um cenário possível no Brasil, principalmente em empresas que já trabalham com remuneração de Pessoa Jurídica (PJ) e que já conseguem moldar o valor ao qual o colaborador é elegível. Para contratos regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a discussão é ainda muito incipiente – possivelmente exigirá dispositivos legais.
O que as empresas precisam ter em mente é que o mercado está se modernizando. Os benefícios já estão flexíveis, os bônus podem vir a ser e – por que não – os salários também? Dando passos cuidadosos em relação a esse caminho e com amparo jurídico, as organizações podem olhar para o futuro e ter a coragem de abraçar o novo.
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