Salário emocional: o que é? Vale a pena apostar nessa possibilidade?
As mudanças sociais que ocorreram nos últimos anos fizeram com que muitos profissionais repensassem suas expectativas pessoais e sua relação com o trabalho. Com isso, muitos deles vêm priorizando a busca pelo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. E colocam essa necessidade em primeiro plano quando cogitam uma mudança de emprego (ou a permanência nele).
Uma pesquisa realizada pela Robert Half em 2022 mostra, por exemplo, que 39% dos brasileiros trocariam de emprego para ter a opção de trabalhar remotamente (o que, em outros tempos, era sequer cogitado).
Portanto, cabe aos profissionais de RH e Remuneração estarem atentos a esse novo cenário no momento de montar suas estratégias de atração e engajamento de talentos. Principalmente no que diz respeito ao salário emocional. Já ouviu falar sobre ele? É o que vamos explicar nesse conteúdo!
O que é salário emocional e sua importância
O salário emocional é um componente intangível da remuneração. Todos os elementos que o compõem não têm relação direta com os benefícios obrigatórios por lei que são entregues aos funcionários, nem com entregas financeiras.
São subjetivos: maior flexibilidade de horário, folga no dia do aniversário, licença-paternidade estendida, entre outros. Eles não são fixos, podem variar de acordo com as características dos profissionais de cada organização e suas necessidades.
É uma ferramenta que busca oferecer vantagens que vão além do básico oferecido pelas empresas. Com objetivo de motivar os funcionários, geralmente está atrelada à melhora da qualidade de vida no trabalho, cultura organizacional e reconhecimento.
O salário emocional é algo relativamente novo no mercado, que tem sido estudado nos últimos 10 anos. As vantagens vêm sendo cada vez mais implantadas por empresas que possuem a visão de uma nova realidade e enxergam o capital humano como o motor para resultados positivos do negócio.
Tanto é que alguns complementos ao pacote de oferta das empresas, que antes eram considerados diferenciais, praticamente se tornaram pontos básicos. As organizações que, por algum motivo não podem (ou não querem) oferecer esses benefícios, já estão enfrentando dificuldade para contratar. O trabalho remoto e/ou híbrido é um exemplo.
Mas, vale um alerta: salário emocional é um complemento, não o foco da remuneração.
Se o salário não estiver condizente com o mercado e a remuneração como um todo não for atrativa, o salário emocional não será suficiente para motivar os colaboradores. Muito pelo contrário: pode piorar o sentimento de insatisfação.
Afinal, uma folga de aniversário ou um horário flexível não ajuda a pagar as contas e, consequentemente, a manter uma boa qualidade de vida boa para o funcionário e sua família. Então é preciso prestar atenção na estrutura de cargos e no salário-base.
Se o colaborador estiver em um nível de poder aquisitivo mais baixo e se sentindo mal remunerado, o salário emocional se tornará uma piada.
Por que não pagar tudo em dinheiro?
Quem trabalha com remuneração sabe que o custo real de um funcionário é praticamente o dobro do seu salário-base por causa dos impostos. Por isso, trabalhar com salário emocional não é somente uma estratégia de remuneração: é também uma estratégia fiscal.
Pagar tudo em dinheiro, como salário, geraria maior carga tributária tanto para o funcionário, que precisa declarar no Imposto de Renda, quanto para a empresa. Além disso, com o salário emocional há maior margem de negociação.
Como toda organização tem um orçamento de remuneração, é responsabilidade dos profissionais de RH olhar para esse budget e analisar qual a melhor forma de trabalhar com ele, considerando a importância de atrair as pessoas certas para os cargos certos.
Sabemos que não é uma estratégia simples, já que cada colaborador tem seus próprios anseios e necessidades – e que mudam com o tempo. Por isso é importante conhecer diversas práticas e tentar aplicá-las da melhor maneira possível. No episódio 20 do ConsultAqui, conversamos um pouco sobre as possibilidades e aplicabilidades dos benefícios flexíveis.
Confira aqui essa conversa e entenda um pouco mais sobre essa prática de remuneração!