Assim como o Covid-19 afeta de maneira distinta as pessoas, levando alguns à morte e deixando outros assintomáticos, a crise econômica causada pela pandemia também afetou as empresas de diferentes formas, inviabilizando completamente alguns negócios e, até mesmo, beneficiando outros. Sendo assim, não há uma recomendação simples sobre a remuneração dos executivos, e teremos que explorar algumas possibilidades.
Enquanto, na Europa e nos Estados Unidos, os reguladores estabeleceram uma série de limitações para aumentos salariais e pagamento de bônus por parte de empresas que se beneficiaram de programas governamentais, no Brasil os incentivos oferecidos pelo governo não têm exigência de contrapartida e ainda permitem um complemento a título de ajuda compensatória por parte do empregador. Ampliando a responsabilidade do RH sobre a decisão e as suas consequências.
Nos bancos, o Conselho Monetário Nacional determinou, em abril, que não pode haver aumento de remuneração de administradores até o fim de setembro.
Em setores que passam por dificuldades mais críticas como o de aviação e turismo, algumas empresas como Azul e CVC anunciaram cortes de até 50% nos salários dos executivos.*
A crise financeira chegou até aos clubes de futebol, principalmente pela paralisação dos campeonatos. No caso do São Paulo F.C, por exemplo, que não teve sucesso na proposta de redução salarial de seus jogadores, reduziu os salários de seus dirigentes que ocupam os cargos de Presidente, Diretor Executivo, e Superintendente.
Uma das questões a serem consideradas, neste momento, é a mensagem que será passada aos colaboradores, já que a manutenção do sentimento de confiança na equipe de gestão é essencial para o enfrentamento dos desafios que virão a seguir.
Um corte na remuneração dos colaboradores que não inclui os gestores, por exemplo, pode passar uma mensagem muito ruim, especialmente em um momento em que enquanto alguns lidam com tédio outros lidam com a fome.
E a Remuneração Variável?
É preciso considerar que, usualmente, boa parte da remuneração dos executivos é composta por incentivos de curto e longo prazo. Então, além da questão da remuneração, também é preciso decidir o que será a feito a respeito destes programas.
No caso dos incentivos de curto prazo vimos empresas que postergaram o pagamento de bônus para o segundo semestre, outras que reduziram bônus referentes a 2019 e até algumas que suspenderam os programas e não pagarão bônus este ano.
Há, inclusive, empresas no sentido oposto: a mineradora Vale e a operadora de telefonia Oi, por exemplo, propuseram aumento relevante do orçamento anual de remuneração.
Já no caso dos incentivos de longo prazo, vamos explorar algumas opções:
Como os impactos e desdobramentos totais da crise ainda são incertos para a maioria das empresas, a primeira recomendação seria bastante conservadora: não fazer nada. Isso mesmo, dessa forma será possível ganhar mais tempo para avaliar os impactos e tomar uma decisão mais acertada no segundo semestre.
Por outro lado, se o objetivo principal neste momento for a retenção dos executivos, a empresa pode alongar o prazo de vencimento das opções, rever metas ou até mesmo garantir pontualmente os pagamentos em outra modalidade de bônus.
Para empresas nas quais os impactos foram muito significativos e o cenário de recuperação é pouco favorável, suspender temporariamente os programas de incentivos podem ser a melhor solução para o momento.
É preciso lembrar ainda que um dos principais motivos de utilizarmos modelos de remuneração variável é exatamente para podermos reduzir os pagamentos em tempos difíceis.
Sendo assim, o que podemos recomendar, é que qualquer que seja a opção adotada pela empresa, seja uma redução de salário ou uma suspensão dos incentivos, os executivos não deveriam ser poupados, sob o risco de criarmos mais uma crise… De confiança!
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João Resch
Gerente da área de Pesquisa
*Informações retiradas da notícia publicada no Valor Econômico. Veja aqui.