Nós já falamos um pouco no blog, sobre como as empresas têm tratado o assunto Benefícios no momento de crise, mas assim como os ajustes que os engenheiros na Fórmula1 fazem nos carros, até mesmo durante a corrida, acreditamos que os elementos da Remuneração Total precisam estar sempre no radar, sendo comparados, constantemente, com o mercado e adaptados para os novos desafios.
A alta nos preços de alguns itens básicos da alimentação do brasileiro, divulgada, recentemente, pelo IBGE, e a crescente na percepção de valor de itens como Vale Alimentação e Cesta Básica, chama a atenção para o fato de que, nem sempre o Benefício mais caro é o mais estratégico em todos os momentos.
Até em questões mais administrativas, o ajuste na concessão de alguns Benefícios pode ser usado a favor da empresa durante as negociações coletivas, não onerando também a folha de pagamentos. O que dá um alívio em tempos difíceis, mas é claro que essa calibração, envolvendo a percepção de valor e o momento, é importante em situações de crise, mas não somente!
Vamos a um exemplo prático: algumas empresas concedem Plano de Seguro Saúde (elegível a reembolso) para todos os colaboradores. Para a empresa, este tipo de Benefício é mais caro e complexo que a Assistência Médica da Unimed (por rede credenciada). Porém, principalmente para os níveis Operacionais, o Seguro Saúde não é vantajoso, porque não há a sensação de “ganho”, uma vez que o colaborador precisa pagar a consulta do próprio bolso, recebendo o reembolso somente após a consulta.
Neste caso, o gasto com Benefício poderia ser menor e muito mais assertivo, já que, com um plano de Assistência Médica, a empresa teria a opção de não aplicar descontos mensais ou coparticipação.
Vale ressaltar que, olhando ainda para nosso exemplo prático, é fundamental que a a companhia analise e divulgue, previamente, o quanto o colaborador teria que dispor para uma contratação particular do plano médico, pois a empresa recebe um desconto na contratação que não se aplica a “pessoa física”.
Do ponto de vista estratégico, a análise qualitativa das práticas de mercado é mais importante do que a quantitativa, pois a quantia paga na contratação, varia conforme o porte da empresa e a região em que se localiza.
Em linhas gerias, a melhor fórmula para definir a escolha do pacote de Benefícios é: conhecer o mercado e calibrar as estratégicas de acordo com os interesses do público-alvo.
Trabalhar a comunicação dos Benefícios também é muito importante. Os colaboradores devem saber e conhecer todas as opções que têm acesso, da mesma forma que cabe à empresa enfatizar os pontos fortes do pacote escolhido, enfatizando custo-benefício e vantagens a curto e médio prazo.
Quando os colaboradores sabem que o RH olha para isso com atenção, sentem-se mais seguros de que a empresa faz a escolha certa.
Juliana Castro
Consultora de Remuneração