No ambiente corporativo, PDV é a sigla para Programa de Demissão Voluntária, uma estratégia adotada por empresas que buscam reduzir seu quadro de colaboradores. A organização oferece incentivos e vantagens para que os próprios funcionários manifestem o desejo de sair voluntariamente — ao invés de serem demitidos.
Quais são as vantagens para a organização? Quando compensa aderir a esse tipo de programa? Há desvantagens? No 72º episódio do ConsultAqui, o Gerente de Remuneração da Carreira Muller, João Resch, respondeu às principais perguntas sobre o tema sugerido por uma de nossas espectadoras, a Thaís Souza. Separamos os principais insights para este conteúdo.
Quais motivos levam uma empresa a construir um PDV?
Empresas que passam por processos de reestruturação eventualmente precisam reduzir seu quadro de maneira significativa. É mais comum em organizações que foram — ou serão — privatizadas e em multinacionais ou outros tipos de organização que precisam diminuir custos operacionais ou ajustar o tamanho da equipe às necessidades do negócio.
A estratégia busca reduzir a força de trabalho de maneira mais amigável e menos impactante do que demissões involuntárias, que podem ser vistas como mais prejudiciais tanto para os funcionários quanto para a cultura da empresa e seu posicionamento de marca.
Quais são as vantagens e desvantagens para os colaboradores?
Os programas de demissão voluntária geralmente oferecem incentivos financeiros para os funcionários que optam por deixar a empresa — além das juridicamente previstas quando um colaborador é demitido. Isso pode incluir pacotes de indenização (10 salários, por exemplo), bônus ou benefícios adicionais (extensão do plano de saúde, previdência privada, etc.).
Ou seja, há uma compensação adicional que pode ajudar na transição financeira e que é fundamental para “cobrir” as desvantagens e tornar o programa de fato interessante para o funcionário.
E quais seriam essas desvantagens?
O funcionário não recebe aviso prévio, ficando sem tempo para se planejar, não recebe a multa do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e não tem direito ao seguro-desemprego.
“É por isso que dizemos que o PDV é interessante para aqueles profissionais que já estão pensando em sair da empresa. Como o programa é direcionado para um público específico (aposentados, pessoas com x anos de empresa ou determinada área), o colaborador já tem a percepção de que não irão mais investir nele. Então é melhor sair com os benefícios adicionais que em outro momento, apenas com o previsto em lei”, diz João.
Mas é válido reforçar que o Programa de Demissão Voluntária, como o próprio nome diz, é voluntário. Os funcionários não precisam aderir — e a empresa não pode pressioná-los e nem prejudicá-los. Quem decidir ficar na organização, continua com todos os benefícios que tinha.
Esta é uma análise de futuro que precisa ser feita individualmente. E os incentivos têm que ser maiores que as perdas.
Mas, aí, não fica caro para a empresa?
Sim, muito provavelmente. Mas o investimento inicial com os incentivos ao PDV se justificam com os benefícios esperados no futuro, proporcionando uma folha de pagamento mais enxuta e uma estrutura mais adequada com os planos estratégicos do negócio.
“É importante fazer essa conta do quanto a organização vai gastar agora e do quanto vai recuperar daqui 12 ou 18 meses, por exemplo”, explica João.
Além disso, um Programa de Demissão Voluntária traz segurança jurídica para a empresa. Se ocorrer uma demissão em massa, muito provavelmente o sindicato buscará reverter o quatro ou mobilizar paralisações. Em um PDV, o sindicato participa das negociações.
Ao aderirem voluntariamente, os colaboradores abrem mão do direito de contestar a demissão na Justiça, evitando possíveis litígios trabalhistas. Essa quitação legal é uma grande vantagem, especialmente após as reformas trabalhistas.
Mas ainda há outras, como manter a credibilidade no mercado e diminuir o risco de manter no quadro da empresa profissionais que já desejavam sair.
PDV é para ser ganha-ganha
O Programa de Demissão Voluntária é uma ferramenta estratégica que pode conciliar os interesses das empresas em reestruturação com os dos colaboradores que desejam se desligar voluntariamente.
Ao entender as nuances desse programa, tanto empresas quanto funcionários podem tomar decisões mais informadas sobre sua participação, considerando o impacto a curto e longo prazo.
Você tem alguma dúvida sobre o programa? Coloque abaixo nos comentários e assista ao 72º ConsultAqui.