Independentemente do setor de operação, quem atua com gestão de pessoas dedica esforços diários em atrair, apoiar e engajar talentos. Por isso, existem alguns indicadores que causam arrepios na espinha. Um deles é a rotatividade.
E o que isso tem a ver com pesquisa e atualização da tabela salarial? Tudo!
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (o DIEESE), a alta rotatividade foi considerada um problema para 40% das empresas brasileiras ainda no ano de 2016. De lá para cá, esses dados não melhoraram. Pelo contrário. Em 2021 houve um crescimento de 80% no índice de turnover real e um dos fatores é a baixa remuneração.
Por mais que o RH queira resolver a situação, não significa que devem ser aplicados ajustes “aleatórios” ou integralmente baseados nos acordos coletivos – falamos sobre esse assunto aqui. Uma pesquisa salarial adequada e disciplinada é o meio mais eficiente para se manter sustentável no mercado.
Por que trabalhar com pesquisas salariais?
Um dos principais motivos para contar com uma pesquisa salarial atualizada é manter sua tabela salarial ativa no mercado, sem correr riscos de perder profissionais internos para outras empresas – inclusive concorrentes. Além disso, sem uma gestão de pesquisa seria muito mais complicado entender como o mercado está performando.
O “olhar para fora da sua empresa” é uma das maneiras mais produtivas de entender sua competitividade. Nos últimos anos, por exemplo, estamos encarando uma alta demanda por profissionais de tecnologia. Se a tabela salarial não está compatível com o que está acontecendo externamente, muito provavelmente você enfrentará problemas no momento de uma nova contratação – ou até mesmo perderá o engajamento interno.
A pesquisa é um norte e dá segurança para a gestão de pessoas.
Pesquisa Salarial bianual, anual ou semestral?
Há empresas que consultam pesquisas salariais a cada dois anos. Porém, diante do contexto econômico que estamos vivenciando e da alta volatilidade do mercado, trabalhar com essa periodicidade pode acarretar em riscos desnecessários para a organização. Além disso, o Brasil é um país historicamente impactado pela inflação, fator que altera a dinâmica salarial.
Você já leu nossa série sobre a inflação?
- Parte 1: Inflação
- Parte 2: Principais índices de inflação
- Parte 3: Formas de se proteger da inflação
- Parte 4: Como não cair na armadilha da inflação
Mesmo as empresas que operam com pesquisas anuais estão enfrentando dificuldades causadas pela alta demanda por profissionais qualificados. Não há segredo: uma pesquisa salarial desatualizada não é efetiva para a performance geral.
Pense que as pesquisas salariais são como mapas que aglutinam informações necessárias para chegar mais rápido ao local exato e pelo melhor caminho. Assim como o sentido de uma via e a localização de pontos comerciais sofrem variáveis constantes, o mesmo acontece com o mundo dos negócios.
Não estamos dizendo que um mapa válido por dois anos não funcione: pode ser que as mudanças de tráfego apenas desviem um pouco o percurso. Mas para que todas as variáveis sejam consideradas, a recomendação é contar com uma pesquisa salarial anual para atualizar sua tabela salarial. Em alguns casos, até semestrais.
Estou perdendo profissionais. Devo atualizar os salários?
Não é só a baixa remuneração que representa o alto turnover. É preciso entender o porquê da saída desses colaboradores. Afinal, estamos lidando com pessoas e cada uma delas possui particularidades e necessidades diferentes.
Uma boa pesquisa salarial pode ajudar a entender se o seu pacote remuneratório é o ideal, analisando região, segmento e todo o contexto externo.
Além da tabela salarial, é fundamental analisar o pacote de benefícios e de remuneração variável para entender se ambos estão condizentes com o que o mercado está oferecendo. Pode ser que você se dê conta, por exemplo, que sua tabela até está atualizada, mas seu benefício a curto prazo não faz parte do pacote de outras empresas.
Outro ponto importante é não esquecer do clima organizacional. Oferecer planos de carreiras, de crescimento e um ambiente favorável também são elementos a serem analisados no momento da saída do colaborador. Se durante esse estudo você entender que realmente sua tabela ficou para trás, chegou a hora de atualizá-la!
Então, como atualizo minha tabela salarial?
Esse é, definitivamente, um assunto que gera muitas dúvidas e discussões. Basear seu grade salarial apenas no acordo coletivo é um erro muito comum e que deve ser evitado. Isso porque o acordo coletivo é linear, mas o mercado não.
Enquanto os acordos possuem tetos e índice único, o mercado é cambiante e volátil. Não há melhor jeito para atualizar sua tabela do que olhar para uma pesquisa salarial. Mais importante que usar apenas o acordo coletivo para justificar a inclusão de todos os profissionais na tabela de atualização, é entender qual foi a variação salarial – e conectá-la com o mercado.
Com uma pesquisa em mãos, você pode notar, por exemplo, que em 2021 houve uma variação salarial de 3,29% no público de Analistas, frente a um INPC de 10,16% (fonte ConsultaSalarial® Carreira Muller). Essa informação, por si só, já requer uma fonte de dados, mas, ao se aprofundar nos cargos e entender como cada um deles foi alterado, você consegue agrupar melhor as variações e aplicar o reajuste adequado a cada um deles, que poderá ser diferente do índice geral do nível.
Uma pesquisa salarial contém variações capazes de mostrar como está o mercado nacional, regional e por segmento. Você precisa disso para ter o melhor ajuste nos custos operacionais, no que se refere à folha salarial.
E em casos de retração?
Isso pode acontecer em diversos níveis e é importante ressaltar que não significa diminuir salários. Uma vez que a sua tabela esteja caminhando lado a lado com o mercado salarial, a melhor opção é congelar os salários.
Se essa regressão continuar ao longo dos anos, a recomendação é regredir o grupo salarial do cargo em questão – sempre tomando como fonte de informação uma pesquisa salarial, porque mesmo em anos de retração há cargos que podem ter evoluído.
Os índices inflacionários também devem ser consultados quando o assunto é atualização da tabela salarial. No episódio 1 do ConsultAqui explicamos um pouco mais sobre o tema e sobre as outras variáveis que incidem na evolução salarial, já no episódio 2 trouxemos mais detalhes sobre como atualizar sua tabela salarial.
Agora, se você quiser saber como funcionam as pesquisas salariais da Carreira Muller e, mais que isso, ter acesso a elas, fale conosco! Podemos ajudar na atualização da sua tabela.
Respostas de 4
Eu gostei muito.
Que bom, Simone! Obrigado pelo seu feedback.
Boa tarde, meu nome é Telma, sou técnica em enfermagem pela EBSERH, eu preciso da seguinte informação se for possível você me ajudar, com a implantação do PISO DA ENFERMAGEM, como será implantado prá nós que já temos 8 anos de serviço, e quem não progrediu na maior , já ganha o equivalente ao Piso?
Nesse caso se tiver um concurso agora quem estiver entrando vai ganhar igual a quem já tem 8 anos na empresa? Ou será implantado na inicial da tabela dessa forma respeitando o tempo e ” antiguidade” no PCCS?
Olá Telma! Obrigado pelo seu comentário! O ideal seria você buscar o que diz o sindicato/conselho da sua categoria. Nos documentos que esses Orgãos emitem, costuma ter a orientação dessas regrinhas, ja que elas podem variar até por região. Até mais!