Quando se fala em inovação no ambiente corporativo, logo vem à mente empresas que são conhecidas por essa característica: que têm o inovar em seu DNA ou nasceram a partir dele, como as gigantes da área da tecnologia e startups.
Mas a verdade é que a inovação pode estar em qualquer empresa, de qualquer porte e segmento. Inovar é a descoberta de algo novo, uma solução para determinado problema, que ao ser validada e canalizada para a ação, impacta a vida das pessoas — seja colaboradores, stakeholders, clientes, direção.
Não tem (só) a ver com disrupção, a “palavra da moda” no mercado corporativo. Na maioria das vezes a inovação está em recriar o que já existe sob um novo olhar — e não produzir o inédito, como muitos imaginam e anseiam.
E é por isso que há métodos simples para se buscar a inovação na área de Remuneração e de RH.
Esse é só um exemplo de como é possível buscar a inovação em um processo interno que trará impactos para a organização e seus colaboradores. Alguns outros caminhos vieram à tona na 81ª edição do Quinto Dia Útil, em uma conversa com Tadeu Brettas, especialista em Criatividade & Inovação e que atua na educação formal e corporativa.
Para quem gosta de lista, é hora de pegar o papel e a caneta (ou fazer o famoso “copiar e colar”).
Inspire-se em outros segmentos para inovar
Se quiser inovar, não fique concentrado naquilo que seu segmento está fazendo. Busque inspiração em outros mercados, para os quais você vai ter um olhar descontaminado. Isso não significa que você vai usar totalmente o modelo do outro, mas adaptar para a sua realidade.
Incentive uma cultura de inovação
Ajude a desenvolver um ambiente no qual as pessoas tenham a atitude e a coragem de propor novas ideias e disseminar conhecimento — sabendo, de antemão, que esse cenário não vai surgir do dia para a noite.
No universo corporativo, os termos criatividade e inovação praticamente nunca vêm desassociados porque se complementam. A criatividade é genuína, existe na mente das pessoas e pode (ou não) ser canalizada para uma ação. Quando isso acontece, há inovação.
Ou seja, a criatividade é o primeiro passo para a inovação. E por isso é tão importante fomentar espaços nos quais as pessoas se sintam à vontade para extravasar sua criatividade. “Mas, como saber quais são as pessoas criativas?”. Todas elas são. Há, inclusive, muitos mitos que envolvem a criatividade.
“A pessoa nasce criativa”
MITO. Todas as pessoas são criativas. Se você já saiu de uma enrascada em algum momento da sua vida, por exemplo, é porque exerceu a criatividade. A criatividade é intrínseca às pessoas, um “dom” universal, aplicado a todos, e pode ser desenvolvida em todas as esferas profissionais e pessoais.
“Pessoas extrovertidas são mais criativas”
MITO. Tanto pessoas extrovertidas quanto introvertidas têm a capacidade de processar ideias. A extroversão é apenas uma característica que ajuda a extravasá-las — e não necessariamente contribui com o processo de criá-las.
“Criatividade significa necessariamente ter novas ideias”
MITO. Criatividade também está em colocar um novo olhar sobre as ideias que já existem.
Se a criatividade é algo infinito, é o primeiro passo da inovação e tem que ser estimulada para ser desenvolvida, isso nos leva ao terceiro — e último — tópico.
Olhe para todos os tipos de pessoas
Quando se tem um time heterogêneo, os desafios e problemas são analisados sob perspectivas diferentes. Tadeu Brettas brinca que há quatro tipos de clusters nas salas de aula, mas que, facilmente, representam também o universo das empresas.
“Ursinhos Carinhosos”
Representa as pessoas meigas, doces, que veem amor em tudo, têm um olhar mais afetivo e emocional para as questões profissionais e pessoais. É uma referência aos personagens do desenho infantil “Ursinhos Carinhosos”, que conta a história de uma família de ursos dispostos a ajudar as pessoas e proteger a Terra do mal.
“Liga das Senhoras Católicas”
Representa as pessoas hands-on, que “botam a mão na massa”, estão sempre à disposição para qualquer atividade, seguem as regras, entregam o trabalho no prazo — e que ainda vai além das expectativas. É uma referência à organização sem fins lucrativos Liga das Senhoras Católicas, que desenvolve ações sociais sob os eixos da educação, cidadania e longevidade.
“Oh céus! Oh vida! Oh azar!”
Representa as pessoas dramáticas, vítimas das circunstâncias, que carregam o slogan do “tinha que ser comigo”. Seja porque tudo realmente dá errado com elas ou porque elas apenas acham que o mundo conspira contra elas. É uma referência a um dos clássicos de Hanna Barbera, o desenho “Lippy & Hardy”. A hiena Hardy, companheira do leão Lippy, está sempre para baixo. Pessimista, acredita que nunca terá sucesso e sempre repete a frase “Oh céus! Oh vida! Oh azar! Isso nunca vai dar certo!”
“Esquadrilha da Fumaça”
Representa as pessoas que querem aproveitar o melhor que a vida oferece, que vieram ao mundo a passeio. Vivem “voando”, não ficam presos a fronteiras e gostam de experimentações. É uma referência à Esquadrilha da Fumaça, grupo da Força Aérea Brasileira que faz demonstrações de acrobacias aéreas.
Por muitas vezes as áreas de recrutamento e seleção seguem um perfil meio tabulado e perdem a oportunidade de ter em seu time pessoas que precisam se afastar do problema para ter insights geniais, como os da Esquadrilha da Fumaça.
E o “tempero” da criatividade dá mais possibilidade à ação quando há a soma do olhar descontraído desse grupo ao olhar mais rigoroso e sério da Liga das Senhoras Católicas, mais emocional dos Ursinhos Carinhos e de medo do “Oh céus! Oh vida! Oh azar!”.
Escalar esse grupo heterogêneo não faz parte do senso-comum. É preciso um pensamento divergente, que não se encaixa no modelo mental que o mundo — e o mercado — criou. É preciso inovação e fazer uma mistura dessas aqui já é um excelente começo.
Confira o podcast com o Tadeu Brettas e se enverede por esse mundo da criatividade e da inovação. Uma conversa que vale muito a pena ouvir!