Tudo que é desenvolvido e pensado, principalmente sob o aspecto de “pessoas”, dentro de uma empresa, precisa ser intencional.
Isso porque, é um papel social das empresas, manter empregos e fazer girar a economia– segundo diz nossa Constituição Federal, no artigo 170.
Ou seja, há uma grande responsabilidade nisso tudo, que abrange todas as companhias, todos os RHs, todos os colaboradores, todos os cidadãos. É um jogo infinito.
Simon Sinek fez uma releitura da teoria dos jogos finitos e infinitos no mundo dos negócios. Os primeiros têm regras fixas, são disputados por jogadores conhecidos e terminam quando se atinge o objetivo final (no xadrez, por exemplo, o fim do jogo, o objetivo, é o xeque-mate).
Já nos jogos infinitos, as regras mudam constantemente, nem sempre conhecemos todos os jogadores, não controlamos muito bem os players que entram e saem durante a “partida” e, o mais importante de tudo, a disputa nunca acaba. O objetivo é fazer o jogo continuar.
O RH trabalha com jogos infinitos.
A criação de um Plano de Cargos e Salários, a definição da política de remuneração, as ações de marca empregadora, a divisão das tarefas nos cargos, o subsídio à atuação dos gestores, a oferta de condições para manter a produtividade… Esses são só alguns exemplos de tudo o que deve funcionar e cooperar para manter a companhia rentável, gerando empregos e movimentando a economia.
Não há um marco final.
Mesmo que a situação financeira mude, ainda que a política mude ou que a companhia encerre suas atividades, as pessoas continuarão o jogo em outro lugar – e quando essas pessoas não existirem mais, outras vão continuar.
Como contribuir, positivamente, para esse jogo?
Esse, nas fotos aqui embaixo, é o armador Mugsy Bogues, o menor jogador de basquete da história na NBA. Ele tem 1,60m e, apesar da baixa estatura, jogou profissionalmente por 14 anos e enfrentou personalidades como Michael Jordan e Magic Johnson.
A pergunta é: como alguém de 1,60 consegue chegar até a NBA e jogar em alto nível? Talento!
É claro que o exemplo do basquete é um jogo finito, mas se focar nas competências e no talento de um jogador fora da média funcionou neste contexto, por que não funcionaria dentro de um jogo sem fim?
Sabemos que, provavelmente, há muitos Mugsys no mercado de trabalho esperando por uma oportunidade, mas principalmente, há muitos Mugsys também dentro da sua empresa, talvez até no seu time. Pessoas que, se fôssemos olhar somente para um documento de Descrição de Cargos, por exemplo, nem teriam a chance de concorrer à cadeira que ocupam hoje.
É claro que o exemplo deste jogador de basquete é bem extremo, sua carreira na NBA foi, realmente, uma exceção – a maioria dos jogadores são, de fato, altos. Mas o importante aqui é te fazer perceber que a questão principal é o desempenho. Esse é o motor para desenvolver o negócio.
Focar nas competências é o jogo infinito.
Pode ser que você identifique que ter formação em Psicologia seja uma competência que agregue, positivamente, ao cargo de Analista de Remuneração. E, apesar de esta graduação não ser requisito-chave para este cargo, você pode considerá-la como desejável, ou como uma sugestão – quase como os times de basquete fizeram ao contratarem Mugsy. Altura, realmente, era um fator importante, mas pode ser que a baixa estatura desse mais condições de drible ou contra-ataque. Isso expande o leque de possibilidades.
Este exercício vai até abrir espaço para que seu ambiente de trabalho seja mais inclusivo. Por que não contratar uma pessoa com autismo para um cargo que demanda atenção a detalhes? Ou um cadeirante para uma tarefa que exige que o colaborador fique sentado a maior parte do tempo? Veja bem, você não foca num atributo específico, comum, mas destaca a competência necessária para ter o trabalho feito. E trabalho feito é o passaporte para te manter no jogo!
Vale reforçar que não estamos aconselhando que você olhe para as pessoas, ao invés dos cargos (nós já falamos sobre isso aqui). O foco principal ainda deve ser a cadeira – principalmente, quando você pensa nos requisitos para uma Descrição de Cargos.
Mas essa observação, esse tino para competências e talentos que vão te levar além, é o que abre margem para desenvolver a intencionalidade, que mencionamos no início do texto.
Qual é rota? Quais habilidades você precisará no caminho? Pensar nisso vai te ajudar a definir quem você quer ao seu lado nesta caminhada, contribuindo ainda para a formação de times mais diversos, inclusivos e produtivos.
“Grandes empresas não contratam pessoas qualificadas e as motivam, elas contratam pessoas motivadas e as inspiram.” – Simon Sinek.
Fernanda Futada
Comunicação e Marketing
Respostas de 5
Excelente reflexão, realmente impactante quando o assunto é pessoas no mercado de trabalho, um jogo infinito, quando se alinhado ao proposito e ao engajamento no negócio.
“E trabalho feito é o passaporte para te manter no jogo!” Show
Texto nos faz refletir sobre intencionalidade, desempenho, olhar para a cadeira e não para a pessoa. Muito bom.
Achei muito interessante a comparação do dia a dia de um profissional de RH e colaboradores da empresa, como um jogo finito e infinito.
Obrigado pelo feedback, Jardel! Que bom que você gostou 🙂
Excelente reflexão O trabalho feito é o passaporte para se manter no jogo, essa frase resume tudo
O foco principal é a cadeira e não as pessoas, isto é que faz toda diferença na descrição de cargos e com certeza com isso teremos profissionais mais engajados e motivados.