Não se preocupe, você está no lugar certo: o recado do título é para você, profissional de Remuneração — ou para você que se interessa pelo assunto. E não estamos dando uma dica de filme, tampouco nos referindo sobre a reviravolta da personagem vivida por Angelina Jolie nos cinemas.
Você pode inclusive trocar a grande vilã da Bela Adormecida pela Lady Tremaine (Cinderela), Rainha Narissa (Encantada) ou Rainha Grimhilde (Branca de Neve). O convite, na verdade, é para que você tenha um olhar crítico sobre o quanto essas mitologias do cinema estigmatizaram o papel da madrasta.
De tal forma que o próprio dicionário do Google traz duas explicações para o termo:
Ainda que o segundo tópico esteja classificado como pejorativo no buscador, está ali por refletir um pré-conceito inerente à boa parte da população.
Mas, afinal, o que isso tem a ver com Remuneração?
O Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, trouxe um dado inédito mostrando que mais de 2,5 milhões de famílias brasileiras têm filhos de apenas um dos cônjuges. Ou seja, eram 2,5 milhões de madrastas ou padrastos há mais de 10 anos.
Se as famílias estão cada vez mais diversas, esse número possivelmente aumentou. Mas quantas empresas se lembram que o primeiro domingo de setembro é dedicado às mulheres que deliberadamente escolheram maternar um filho que não é dela?
Como as empresas acolhem as mulheres e os pais que escolheram cuidar, dar amor e entrar em uma família que não é deles? Como acolhem as mães e pais recém-divorciados que se separaram e agora têm que lidar com outra pessoa cuidando dos filhos deles?
Remuneração não é apenas salário fixo, não é apenas a somatória de salário fixo e bônus e também não é salário fixo, mais bônus e planos de ação. Remuneração é o pacote de recompensas — inclusive o employee value proposition.
E cuidar da efetividade VIDA×TRABALHO faz parte disso. Pode até soar como “bater na mesma tecla” que hoje os profissionais buscam por uma conexão de valores e cultura da empresa, mas ainda há muito a se caminhar na oferta de valor.
Se estamos procurando por um ambiente de inclusão, é preciso olhar para o ser humano de maneira integral e ter programas para acolher todos os tipos de população. O equilíbrio vida x trabalho é apenas uma das situações intangíveis que são pontuadas por Fernanda Abilel no episódio #070 do nosso podcast, o Quinto Dia Útil.
Mas há outros pontos de atenção — e que, de certa forma, estão interligados:
1 | Não existem verdades absolutas
Aqui Fernanda Abilel relembra o início de sua carreira em Remuneração na Ambev, onde ouvia com frequência a frase “a nossa cultura não é melhor que a de ninguém: é só a nossa cultura”.
É isso: não há certo, nem errado. Cada cultura requer estruturas e estratégias de remuneração para acolher todas as demandas — inclusive o fato de que o profissional não é o cargo que ele ocupa.
2 | Remuneração não cabe mais numa caixa
Hoje há diferentes formas de fazer a construção da plataforma de cargos e a gestão da tabela salarial. Muitas vezes uma simples mudança na semântica da forma de comunicar soa como uma grande transformação para o colaborador.
O que não é mais aceitável é que Remuneração esteja dentro da caixa — nem mesmo o salário fixo! Se o plano de incentivo precisa de ajuste ou se há necessidade de uma nova tabela salarial, por exemplo, não é porque houve erro na estratégia, mas porque aquilo que funcionava antes já não funciona mais.
3 | Permita-se conectar com os outros subsistemas de RH
Precisamos nos lembrar que essa jornada não é somente da Remuneração e que não somos a área que só faz as contas. Apenas trabalhando com outras áreas de Recursos Humanos é possível criar uma solução mais integrada que, de fato, seja estratégica e gere valor para o negócio.
Por último — e talvez mais importante:
4 | Desenhe tudo conectado à estratégia do negócio
Nada é em Remuneração é feito isoladamente do negócio. Se há uma missão e um objetivo, as ferramentas de remuneração têm que estar alinhadas a eles.
A Remuneração passa a mensagem de que tudo tem que estar conectado. É preciso olhar para onde a empresa caminha, assegurar-se de que esse trajeto gerou objetivos de RH não discrepantes e perguntar-se o tempo todo: ainda funciona, precisa de ajustes?
Tudo isso Fernanda Abilel aborda no 4º episódio da série sobre a Certificação GRP (Global Remuneration Professional), da WorldAtWork — que você pode tirar, no Brasil, por meio da Forhma — e é apenas uma (pequena) amostra do que está no módulo de Gestão da Remuneração Total.
Em nosso podcast, ela traz mais reflexões sobre o universo da Remuneração e sua visão sobre grandes empresas pagarem salários diferentes a depender da localização do funcionário. Seria esse o futuro da Remuneração? Em que time você está?