Correção de tabelas salariais, algo tão simples na teoria, mas que pode inviabilizar a operação de uma empresa
De dentro do táxi, enquanto acompanhava o guincho que transportava seu carro, Marília Mendes, executiva de uma empresa de cosméticos, pensava: “Eu deveria ter feito a revisão na data indicada, mas ele não estava apresentando nenhum problema, é um carro novo”. Chegando na mecânica, seu maior medo se concretizou: o veículo precisava de tantos reparos que custaria mais do que Marília poderia imaginar. E antes de questionar o orçamento, foi alertada: faça tudo, senão podem surgir mais problemas. Marília até consultou outros mecânicos, na esperança de uma segunda opinião mais positiva, mas era tarde e ela se deu conta de que teria que desembolsar o valor sugerido. Não dá para saber se uma revisão periódica evitaria todo esse transtorno, mas, com certeza, poderia minimizar os ajustes no automóvel de Marília.
Por que a tabela salarial é importante?
Toda essa metáfora deve ter feito você pensar: nossa, como ela deixou isso acontecer? Muitas vezes acreditamos que a ausência de problemas imediatos seja sinônimo de tranquilidade. Mas não é sempre desse jeito. Assim como aconteceu com o carro dela, para que uma empresa possa ter uma política salarial competitiva e financeiramente viável, ela depende diretamente de tabelas salariais que possam fazer provisões certeiras e que acompanhem o mercado. E isso só é possível se ela passar por revisões periódicas. Tabelas salariais distorcidas ao longo do tempo, que não refletem os salários de mercado, podem inviabilizar a sustentabilidade de empresas de qualquer porte e quebrá-las. Ainda mais em momentos críticos como o que vivemos hoje no país, em que ter um plano de cargos e salários atraente e ao mesmo tempo economicamente eficiente não parece ser uma escolha.
Mas em que a empresa deve basear essas revisões das tabelas salariais do seu time?
Estamos convivendo com antigos vilões, como a inflação, que voltou a assombrar a vida dos brasileiros. Além de interferir (e muito) nos valores de compra e venda de produtos e serviços, ela ainda exerce uma influência perigosa em muitas empresas, em especial na definição de remuneração.
“Vamos exemplificar com o salário de um Executivo. Imagine que a revisão da tabela aconteceu baseada na inflação. Enquanto a inflação oscilou em uma média de 10% de 2015 para 2016, o salário dos executivos teve reajustes médios de 3%. Ou seja, a correção dos salários não cobriu a inflação do período”, afirma Flávio Pavan, Gerente de Pesquisas da Carreira Muller. O mercado brasileiro muda todos os anos e, se a tabela desta empresa do executivo que usamos como exemplo foi ajustada pela inflação, é bem provável que o custo produtivo dela esteja elevadíssimo, afinal os salários já estão com um comportamento particular, fora de mercado, e não por opção estratégica, mas simplesmente por erro na estratégia.“A atualização das tabelas salariais é algo tão simples, na teoria, mas que pode acabar com uma empresa na prática”, reforça.
Assim, a revisão das tabelas é essencial para trazer vantagem competitiva para a organização.
“Se não houver periodicidade na atualização das tabelas salariais (uma vez por ano, recomendável), as empresas podem perder a conexão com o mercado. A tabela salarial precisa acompanhar o mercado, o que não significa acompanhar a inflação ou até mesmo acordos coletivos, já que muitas vezes os salários, de uma forma geral, não crescem na mesma proporção que a inflação, e sim de acordo com o aquecimento ou desaquecimento do mercado”, explica.
A alternativa ideal seria basear-se em pesquisas de mercado que possam analisar a massa de salários para traçar os verdadeiros índices de reajuste que serão referência para a atualização de cada tabela salarial. Veja um vídeo que ilustra esse processo. Conte com a Carreira Muller para isso!
Carreira Muller | Construindo Sentidos