Em tradução livre para o português, wellbeing significa bem-estar. No universo corporativo, se refere à qualidade de vida dos colaboradores de uma forma bastante ampla, considerando aspectos físicos, mentais, financeiros e sociais.
Por trazer essa abordagem mais humanizada para o relacionamento com os funcionários, o conceito de wellbeing vem ganhando cada vez mais força nas empresas. Inclusive, foi um dos assuntos da Total Rewards’23. Em uma das apresentações do maior evento de Remuneração do mundo, foram citadas as 4 linguagens que ajudam a desenvolver um ambiente melhor para se trabalhar.
Quem divide conosco quais são elas é Felipe Cruz, Coordenador de Remuneração da Carreira Muller, que esteve em San Diego, nos Estados Unidos.
As 4 linguagens que ajudam em um ambiente melhor para se trabalhar
1ª) Paixão
“O que você queria ser quando era criança”? Astronauta, professor, médico veterinário, jogador de futebol… muito provavelmente não era executivo de RH ou profissional da área de Remuneração.
A paixão é um elemento importante no wellbeing, que se relaciona com o sentimento da realização pessoal e da satisfação na vida. Tem a ver com trazer essa paixão que os colaboradores tinham enquanto crianças para a profissão da vida adulta.
É conscientizar o profissional do propósito: do porquê ele faz aquilo que ele faz, do quanto suas atividades são importantes para a empresa e para a sociedade. Para despertar essa paixão nos colaboradores, é preciso valorizar cada indivíduo e mostrar o quanto seu trabalho é chave para o negócio.
A paixão traz motivação, energia positiva e um senso de significado e realização. O colaborador pode não ser jogador de futebol — como desejava na infância —, mas você pode mostrar o quanto ele é importante dentro da organização e, de alguma forma, pode melhorar a vida das pessoas no trabalho ou na sociedade.
2ª) Crescimento
O propósito dá significado e direção ao trabalho dos funcionários. Quando há despertar de uma paixão, tendem a ser mais engajados, produtivos e motivados. Mas é importante destacar que essa chama só ficará acesa se o local de trabalho propiciar crescimento no mesmo ritmo da velocidade do colaborador.
Como as empresas podem fazer isso? São dois pontos: 1) garantindo oportunidades diferentes para os talentos que querem avançar mais e já tomar o próximo passo; 2) respeitando pessoas que têm um ritmo mais cadenciado e preferem se aprimorar em sua área antes de avançar.
Por isso o crescimento também está ligado à importância de se conhecer o indivíduo em suas particularidades. Quando os gestores conhecem cada uma das pessoas que trabalham com ele, fica mais fácil entender como funcionam as diferentes personas e, assim, proporcionar um crescimento que suporta a velocidade que elas querem.
Vale lembrar que o crescimento não acontece de acordo com o que a pessoa quer, mas com aquilo que ela entrega. Então pode acontecer de um funcionário não estar pronto para avançar. Nesses casos, o wellbeing preconiza a transparência. Não é dizer “não consegui te promover porque o RH não deixou”, mas sim “não consegui te promover porque entendo que hoje você não está pronto, mas, se você evoluir em tais aspectos, estará apto no próximo ciclo”.
Essa “verdade” com que a equipe de RH ou o gestor vai tratar seu público é fundamental para incentivar e tornar compreensível esse crescimento na velocidade com que as pessoas desejam.
3ª) Liberdade
Nos últimos anos, nada trouxe mais liberdade para o colaborador que o home office: poder trabalhar de casa, muitas vezes fazer seu próprio horário, entregar por projeto, etc. No entanto, vemos que a maioria das empresas vem retornando para o regime presencial ou híbrido — inclusive, fizemos um estudo sobre o assunto, que você pode acessar clicando aqui.
Então, como as empresas fazem para manter a liberdade que o profissional adquiriu com o home office?
Há várias medidas. Atualmente há organizações que dão folga na sexta-feira, outras permitem que o colaborador monte sua agenda — por exemplo, trabalhar de segunda a quinta-feira, folgar na sexta e compensar em outros dias.
Um dos cases apresentados na Total Rewards’23 foi de uma organização que concede 6 semanas de folga todos os anos — e para todo o time. Dessa forma, não gera o desgaste do colaborador sair de férias e se preocupar com quem o está substituindo, com a demanda que deixou pendente ou o cliente que ficou sem atendimento.
Obviamente que esse é um desafio — e talvez seja um caso extremo. Mas vale a pena pensar em quais ações podem ser colocadas em prática de modo a incentivar a autonomia das pessoas no ambiente de trabalho e investir no wellbeing.
A liberdade é um dos fatores que mais engaja os profissionais de hoje: eles se tornam conscientes de que a empresa confia no seu trabalho pelas suas entregas — e não por sua carga de trabalho.
4ª) Pertencimento
O pertencimento está relacionado com a paixão, mas não se vincula necessariamente com a atividade do negócio em si. Tem mais a ver com a sensação de pertencimento ao grupo. Isso acontece, por exemplo, quando as empresas fazem reuniões em que todos os colaboradores podem compartilhar sua semana, seu histórico de vida, os desafios pelos quais passou.
Quando você incentiva os profissionais a mostrarem seu lado mais humano, há um engajamento da equipe com seus pares. As pessoas se conectam quando descobrem pontos em comum, hobbies, o que gostam de fazer depois do trabalho.
Se há um sentimento de pertencimento, todos se tratam como amigos e se unem para fazer mais pela empresa. Cabe às organizações fortalecer o vínculo entre as pessoas para que elas gostem de fazer parte do time. Exercícios e trabalhos em grupo — e multidisciplinares — são ideais. Para empresas que atuam no home office, é muito importante uma agenda de encontros aos menos anuais.
Carreira Muller: temas atuais e “sem remunerês”
O wellbeing é um tema bastante atual não somente no Brasil, mas mundo afora. Recomendamos que as organizações não coloquem esse assunto para debaixo do tapete ou o tratem como algo pontual e isolado — o bem-estar no trabalho precisa ser prioridade!
Quando há políticas que olham para essas linguagens do wellbeing, há melhora no engajamento, na produtividade e no desempenho. O wellbeing contribui para um clima organizacional positivo, ajuda na redução do absenteísmo e do turnover e ainda evidencia a responsabilidade ética e social das empresas.
Quer saber mais sobre o assunto e implementar novas estratégias na sua organização? Fale conosco!